Militante da UDN, o usineiro João Cleofas foi prefeito de Vitória de Santo Antão, sua terra natal e do deputado Joaquim Lira (PV), que teve, ontem, apenas 18 votos, perdendo a disputa para Rodrigo Novaes para a vaga de Teresa Duere no Tribunal de Contas. Apoiado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), Novaes teve 30 votos e impôs uma derrota acachapante à governadora Raquel Lyra (PSDB), que usou a máquina, mas não conseguiu votos para Joaquim.
Político pé-frio, com fama de perdedor, Cleofas foi ministro da Agricultura no Governo Getúlio Vargas e depois senador por Pernambuco, de 1966 a 1975. Chegou a presidir o Senado, de 1970 a 1971. Seu sonho era governar Pernambuco, mas perdeu três eleições para o Palácio do Campo das Princesas, a primeira em 1950, a segunda em 1954 e última em 1962. Antes de morrer, aos 87 anos, ganhou um apelido que carregou para o resto da vida: João Cleofas três quedas.
Passados tantos anos, na condição de primeira mulher a governar Pernambuco, a tucana Raquel Lyra, no embate com o poder Legislativo, a quem hostiliza e sofre reveses, passou, desde ontem, com vergonhosa derrota do candidato que apoiou para o TCE, a reproduzir o fenômeno do velho militante de direita. É a João Cleofas de saia, mas com um agravante: em número de derrotas, já supera o próprio Cleofas.
No embate com o Poder Legislativo, já sofreu quatro derrotas que nenhum governador habilidoso seria capaz de carregar em seu currículo: mudança no direcionamento do empréstimo de R$ 3,4 bilhões, aprovação de projeto sobre poder ao Legislativo para tratar de matéria financeira, voto secreto para eleição de conselheiro do TCE e, ontem, por fim, a vitória do candidato ao TCE apoiado ostensivamente pela Casa – leia-se o presidente Álvaro Porto.
Como diria o jornalista, escritor e compositor Andrew Amaurick, a diferença entre um bom gestor e um mau gestor, está no fato de que o bom gestor sempre escuta.
João ajudou – O prefeito do Recife, João Campos, principal liderança do PSB no Estado, teve papel importante na vitória de Rodrigo Novaes no TCE, na articulação junto a bancada do seu partido na Casa, a maior, com 13, mas agora 14 parlamentares. Também, em perfeita sintonia com o presidente da Assembleia, Álvaro Porto, ajudou a consolidar votos em outras bancadas, inclusive entre os governistas insatisfeitos com a chefona.
Abraço de agradecimento – Tão logo foi consagrado na votação interna da Alepe novo conselheiro do TCE, o deputado Rodrigo Novaes correu para abraçar João Campos, a quem agradeceu pelo apoio. A chegada de Novaes ao Tribunal traz de volta ao Legislativo um deputado muito querido, Diogo Moraes, primeiro-suplente do PSB, que, naturalmente, se efetiva no mandato.
Poder independente – Do presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, ao comentar, ontem, o resultado da eleição para o TCE: “Mais uma vez, está comprovado que a Assembleia Legislativa de Pernambuco tem autonomia, é independente, não é submissa a poder nenhum. Nós estamos aqui para ajudar os pernambucanos. Então, isso foi uma prova que essa Casa vai continuar sendo independente”.
No palanque – Já o deputado Rodrigo Farias, da bancada do PSB na Alepe, bateu duro na governadora e na vice: “E mais uma vez Raquel e Priscila mostram que continuam em cima do palanque. Pararam o governo e tentaram empurrar o candidato delas goela abaixo, estilo rolo compressor. Nunca vi um governo querer tanto o enfrentamento, seja com servidores, com parlamentares, com o povo pernambucano. Terminou amargando mais uma derrota”, afirmou.
Dema deu certo – Quem também deu uma forte contribuição para levar o Governo a ser derrotado na disputa pela vaga de Teresa Duere no TCE foi o secretário de Governo da Prefeitura do Recife, Aldemar Santos, o Dema. Nos últimos dias, articulou, reverteu votos, seu dia foi consumido para não ocorrer nenhum tipo de dissidência na bancada do PSB.
CURTAS
A CULPADA – Raquel Lyra pode jogar no colo da vice Priscila Krause a derrota humilhante que levou, ontem, na eleição para o Tribunal de Contas. Foi Nariz Arrebitado que escolheu Joaquim Lira e garantiu à chefona que elegeria.
PRIMEIRO-MINISTRO – Depois de se revelar em mais um momento de afirmação do Legislativo, o presidente Álvaro Porto passou a ser chamado ontem de primeiro-ministro do governo parlamentarista de Pernambuco. O bicho é o cão chupando manga.
Perguntar não ofende: Quando Raquel vai se convencer que não se governa sem política?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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