Todo início de governo é marcado por uma série de dificuldades na construção da governabilidade porque há mudanças no secretariado, na própria figura do governante, e isso poderá significar alguns ruídos de comunicação. Cabendo, portanto, ao chefe do executivo identificar os erros, admiti-los e buscar consertá-los. Nem sempre o governante conseguirá colocar suas vontades em prática junto ao legislativo. E não precisa ir muito longe, os dois governadores que foram eleitos antes de Raquel Lyra passaram por ajustes no início do governo.
Ao vencer a eleição, Eduardo Campos tinha em mente a ideia de eleger João Fernando Coutinho como presidente da Alepe, e mandou ele construir sua candidatura. Ela não se viabilizou, e então havia uma disputa dentro da Casa entre José Queiroz e Guilherme Uchoa. O segundo conquistou um maior número de assinaturas, Eduardo por sua vez simpatizava mais com a ideia de ter o primeiro como presidente. Eduardo sentiu o ambiente, e em vez de bater de frente com Guilherme pediu que ele lhe ajudasse a fazer João Fernando Coutinho primeiro-secretário. Ao longo dos anos, Eduardo e Guilherme foram aliados sólidos.
Em 2015, Paulo Câmara tinha como ideia inicial eleger Waldemar Borges presidente da Alepe, fato que não se concretizou pela força de Guilherme Uchoa. Então o Palácio tentou emplacar Lula Cabral na primeira-secretaria, e novamente não foi pra frente, no bate-chapa, Diogo Moraes foi eleito a contragosto do Palácio e com o aval de Guilherme Uchoa. A relação prosseguiu e Paulo e Guilherme foram aliados até a morte do presidente da Alepe em julho de 2018.
Aprendendo – O aprendizado de Eduardo Campos e Paulo Câmara podem muito bem ser assimilados pela governadora Raquel Lyra, que pode entender que é muito melhor ter Álvaro Porto como parceiro do que como adversário. Eles são aliados, são do mesmo partido e podem ter melhor relação a partir de agora. Raquel não será a primeira governadora a ter dificuldades com o legislativo, basta aprender a adaptar-se às circunstâncias e usar o prestígio de Álvaro junto aos seus pares a seu favor, delegando a ele as articulações do legislativo junto ao executivo.
Semana decisiva – Amanhã haverá a eleição para o TCE, uma disputa entre Joaquim Lira e Rodrigo Novaes que promete movimentar a Casa de Joaquim Nabuco. Independente do resultado, o Palácio precisará entender que não dá para deixar as articulações para última hora. Buscar a governabilidade é o único caminho possível e ela passa pelo presidente Álvaro Porto.
Diálogo – Não é apenas na Alepe que o Palácio precisa construir uma melhor relação. É fundamental que a governadora Raquel Lyra dedique parte do seu tempo para fazer afagos e aproximar-se de deputados federais, os três senadores, os três ministros pernambucanos, integrantes do TJPE, do TCE e de outros poderes constituídos para melhorar o ambiente político para o governo.
Inocente quer saber – A governadora Raquel Lyra começará a gastar seu tempo para melhorar as relações institucionais?
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