Os desdobramentos maléficos da CPI Mista destinada a investigar a quebradeira dos Três Poderes em 8 de janeiro recairão para o Governo, que evitou a CPI, ou no colo do bolsonarismo? Eis uma aposta no escuro, mas os governistas acham que o Governo não será atingido, porque não teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o que ocorreu.
Os comandantes da CPI Mista, presidente e senador, somente serão conhecidos na próxima semana. Há um duelo travado entre o PT e o PL pelo controle do colegiado. A presidência deve ficar com o Senado e o nome mais cotado é do senador alagoano Renan Calheiros (MSB). Já para a relatoria, os deputados André Fufuca (UB-MA) e Arthur Maia (UB-BA) são os que recebem maiores indicações.
A CPI terá 32 integrantes, 16 senadores e igual número de deputados, com mais 32 suplentes. Embora sequer tenha sido instalada, já se fala na agenda de convocação de autoridades para prestar depoimentos. O primeiro seria o ex-ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional, demitido em consequência da reportagem da CNN Brasil, na qual aparece dando guarida aos depredadores.
Mas a lista é grande e inclui até o ex-presidente Jair Bolsonaro, que já depôs na Polícia Federal sobre a “doação” de joias a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro e tem sido alvo de ataques por parte da tropa de choque do presidente Lula. O governo, que antes era contra a abertura da CMPI e se viu obrigado a mudar de posição, está ainda mais dependente do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lula tem mais dificuldades na Câmara do que no Senado para compor uma base aliada consistente.
Sem maioria – O governo não garantiu ainda a maioria de votos dentro do colegiado (calcula como aliados cerca de 20 dos 32 integrantes), além de ter parlamentares apoiadores – ou ao menos “neutros” – os principais cargos: a presidência e a relatoria da CPI. Nos bastidores, auxiliares de Lula admitem que a moeda de troca para segurar os aliados será, mais uma vez, a distribuição de cargos e emendas. Vagas por bloco. O próximo passo para a instalação da CMPI é a indicação dos integrantes pelos líderes dos partidos, o que também implica negociação e ajustes a partir da proporcionalidade do tamanho dos blocos partidários.
O show de Coelho – O secretário nacional das Pequenas e Médias Empresas, Milton Coelho, falou, ontem, na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados, sobre a dramática situação do segmento na pandemia. Disse que mais de 70% das empresas tiveram que tomar empréstimos para não fechar e depois passaram mais dificuldades ainda em razão dos juros estratosféricos. Deu um show quando trocou em miúdos o novo programa do Governo Lula em socorro ao setor.
Nome do blocão – O deputado André Fufuca foi o nome inicialmente apontado pelo “blocão”, composto por União Brasil, PP, Federação PSDB-Cidadania, PDT, PSB, Avante, Solidariedade e Patriota. Ele tem a seu favor o fato de ser do partido de Lira, mas encontra rejeição. Maranhense, ele tem proximidade do ministro da Justiça, Flávio Dino, que deverá ser um dos investigados e é o principal alvo de ataques dos bolsonaristas, especialmente na Câmara, onde já compareceu duas vezes e foi algo de dezenas de requerimentos de convocação neste começo de governo.
Mais neutro – Já o deputado Arthur Maia é considerado um nome mais neutro. Ele foi o relator da reforma administrativa, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça no ano passado e tem a preferência do líder do seu partido, Elmar Nascimento (BA) para o cargo. De visão mais conservadora e aliado do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, adversário do PT na Bahia, o deputado do União enfrenta menos resistência da oposição, que o entende como um nome neutro e até de parlamentares do governo que são da Bahia, que o veem como republicano e uma pessoa experiente, com quem podem dialogar.
Em alta com Lula – O assunto mais comentado em Brasília, logo depois do processo vapt-vupt da aprovação do empréstimo de R$ 2 bilhões pelo Senado, para investimentos em projetos de infraestrutura no Recife, é o prestígio do prefeito João Campos com o chefe da Nação. Dizem que o herdeiro de Eduardo Campos desbancou até os senadores petistas Humberto Costa e Teresa Leitão, além do deputado Carlos Veras, quando emplacou o novo superintendente da Codevasf no Estado, Gustavo Melo, ex-dirigente da Ceasa.
CURTAS
FESTEJANDO – O presidente da Assembleia, Álvaro Porto, levou um grande número de colegas da Casa para conhecer, ontem, o abatedouro da Master Boi, em Canhotinho, no Agreste. Depois da visita institucional, Porto abriu as portas da sua fazenda para um almoço sem hora para acabar. E lá, o menu principal, claro, foi a postura de independência e altivez do anfitrião no comando do Legislativo.
START JUNINO – O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB), abre, hoje, o ciclo junino da capital do forró nos bairros e povoados. Uma das atrações é o forrozeiro Santana. A abertura oficial, entretanto, será no final de maio, com Elba Ramalho.
Perguntar não ofende: O Congresso já sente o cheiro antecipado de pizza com a CPI Mista do 8 de janeiro?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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