Foto: Mariana Leal/Divulgação |
Em sua primeira entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco após fazer história e ter sido eleita a primeira mulher pernambucana para o Senado, Teresa Leitão (PT) fez a defesa dos primeiros meses do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e falou sobre o momento político no estado, quando defendeu sua principal bandeira: a educação.
Com 20 anos de atuação parlamentar, tendo sido deputada estadual por cinco mandatos consecutivos (2002 a 2022), Teresa, que é professora, cresceu na vida política através das lutas sindicais pelos trabalhadores da educação, que já somam 18 anos - desde 1984 até quando foi eleita pela primeira vez, em 2002.
A partir do momento em que entrou na Casa de Joaquim Nabuco, deu continuidade à sua principal pauta e sempre foi titular da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e chegou a presidir o grupo.
Teresa ganhou propulsão nacional ao ser eleita senadora com mais de dois milhões de votos e ao atuar na equipe de transição do atual governo.
Prefeituras
“Tenho dialogado com prefeitos para discutir emendas e apoios. Ainda estou devendo visitas - por conta da minha cirurgia, ainda não consegui visitar todos os municípios. Esse momento inicial tem sido, de fato, para destravar recursos para as prefeituras.”
Senado
“Há uma certa histeria política. E eu acho que temos que rebater exatamente nesta moeda. A prática dos bolsonaristas é justamente ganhar imagens para ‘soltar’ nas redes. A tônica deles é intimidar, principalmente os ministros mais ligados às causas dos direitos humanos e igualdade social. Foi dessa forma que eles tentaram ganhar as eleições na campanha, com fake news e intimidação. É uma prática que desmerece o posto de senador da República, além de ser uma prática anti-povo, numa tentativa de ressuscitar e manter viva a disputa de narrativas. Ainda assim, sinto o Senado mais parcimonioso do que a Câmara, ainda se consegue manter um pouco de respeito."
Governo de Pernambuco
“Acho que está lento. Em alguns setores, a máquina ainda não está funcionando adequadamente. Mas não quero fazer uma análise muito completa, pois entendo que ainda estamos em início de governo. Acho que o Estado foi entregue a Raquel em condições de organização, se não ela não estaria conseguindo fazer entregas, como já fez. Acho importante, ainda que não se mantenha a continuidade política, a manutenção da continuidade administrativa. Acredito que falta um molho. Falta consistência.”
Alepe e Raquel Lyra
“Acho que o que está faltando é interlocução. O que não pode acontecer é um [Poder] travar o outro. Nem o Executivo se metendo na Assembleia, tampouco pode a Alepe atrapalhar o desenvolvimento de pautas do governo por questões políticas. É preciso encontrar um denominador comum. Todos esses problemas se resolvem sentando na mesa para conversar. Então acho que o que está faltando é interlocução, tem que afinar.”
Segurança nas escolas
“Fizemos um ciclo de audiências no Senado. As medidas mais urgentes foram as de reforço na segurança e estrutura, além da intensificação das guardas escolares. No entanto, as medidas mais consistentes virão a médio e longo prazo. Foram criados grupos de trabalhos interministeriais para que se trabalhe um processo de tomada de consciência e retomada de valores. As escolas são vítimas e são alvos, mas essa violência não parte delas. As instituições estão absorvendo a violência em nossa sociedade. É muito importante entender, por exemplo, como as redes sociais contribuíram para o aumento da violência. Esse é o caminho. Medidas coercitivas, como por exemplo, catracas, policiais armados, reconhecimento facial e detector de metais não têm funcionado nos Estados Unidos - e acredito que não funcionem mesmo. O que tem que ser feito é uma conscientização e prevenção de danos.”
Paralisações
“O que ocasionou as recentes paralisações foi o não pagamento do piso salarial, que é determinado por lei. O Governo Federal tem a competência de anunciar a atualização do piso, e os governos estaduais e municipais, a obrigação de pagar. Os dados têm que ser analisados. O Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica], por exemplo, teve um aumento de 12%, então como é que não está sendo possível pagar o piso em Pernambuco?. É uma reivindicação em todo o Brasil. Nunca vi uma lei ser tão desrespeitada como está sendo neste ano. Minha total solidariedade aos professores que enfrentam essa situação.”
Universidades Federais
“Das creches às faculdades públicas, o que houve no Brasil nos últimos quatro anos foi um desmonte total na educação. Era de fato um momento de estrangulamento, então tinha, sim, a necessidade de uma alteração emergencial, e que já foi feita. Recentemente, foi anunciada a reestruturação orçamentária de todas as universidades públicas, o que é muito importante para a conclusão de obras e expansão de cursos. Fora a atualização nas bolsas de estudo, depois de 14 anos sem reajuste. É de se destacar, também, a articulação do MEC [Ministério da Educação] com estados e municípios para a valorização da educação básica.”
Fonte: Diário de PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário