quarta-feira, 15 de março de 2023

Falta sensibilidade, sobra arrogância

 

A governadora Raquel Lyra (PSDB) foi informada com muita antecedência da iniciativa do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em fazer uma apresentação do projeto de construção da Escola de Sargento em Pernambuco. O primeiro convite se deu antes do Carnaval, mas ela pediu para adiar e a nova data foi agendada de forma protocolar envolvendo os dois cerimoniais, do Ministério e do Governo de Pernambuco.

Mas, em nenhum momento, a governadora teve a delicadeza de ligar para o ministro, confirmando ou não sua presença. No dia anterior, na segunda, perguntei a José Múcio se Raquel estaria na reunião. Secamente, disse apenas que até aquela hora – início da noite de segunda-feira – não havia confirmação dela.

José Múcio manteve o evento, até porque a bancada federal estava convidada. E confirmada quase a totalidade dos seus 25 integrantes. O encontro foi no auditório do Ministério da Defesa e contou com todo o Alto Comando do Exército, a partir do seu comandante, o general Thomaz. Além dos deputados, o senador Fernando Dueire, o único dos três senadores do Estado.

O que irritou José Múcio e a bancada não foi apenas a ausência da governadora, mas a sua decisão de não enviar um emissário autorizado a falar em nome do Governo. Percebendo o ambiente adverso para Raquel, o deputado Túlio Gadelha (Rede) chegou a questionar os impactos ambientais do projeto, mas com a ressalva que não falava em nome da governadora, a quem apoiou no segundo turno, nem representava o Governo.

A Escola de Sargentos do Exército é um investimento de R$ 2 bilhões, vai gerar milhares de empregos e colocar Pernambuco na vanguarda em formação de quadros militares em território nacional.

Mas nada disso sensibiliza a governadora. A impressão que passa é que ela resmunga com a escola por chegar ao seu colo como um prato feito, pelo qual terá que dar uma contrapartida de R$ 110 milhões – eram R$ 220 milhões na versão anterior.

Pode até ser isso, mas Raquel, com a sua ausência e indiferença, só reafirma o seu estilo arrogante.

Decisão tomada – Diante dos questionamentos do deputado Túlio Gadelha quanto aos impactos ambientais das obras da Escola de Sargento, o comandante do Exército, general Thomaz, ao usar da palavra, ontem, na reunião da bancada com o ministro José Múcio, foi claro e incisivo: a Escola será construída em Pernambuco e não haverá recuo. A decisão está tomada, mas a governadora tem que se manifestar sobre a contrapartida de R$ 110 milhões.

Discussão ampliada – Ficou acertado também, ao longo da reunião da bancada com o ministro, que os deputados estaduais também vão ter a oportunidade de conhecer em detalhes o projeto da Escola de Sargento. Já contactado por José Múcio, o presidente da Alepe, Álvaro Porto, vai agendar uma data para que o Alto Comando do Exército possa apresentar o projeto numa reunião conjunta com os 49 deputados.

Sem visita – A Casa Civil está formatando a agenda do presidente Lula em Pernambuco, na próxima quarta-feira. Inicialmente, está descartada uma visita institucional à governadora no Palácio do Campo das Princesas. “Ela será convidada para participar do encontro, mas Lula não irá ao Palácio”, disse uma fonte palaciana.

Paraíba na rota – Essa mesma fonte informou que a agenda de Lula em Pernambuco deve ser curta, para permitir uma possível ida dele a João Pessoa. A agenda paraibana ainda está em aberto, mas deve ser na área habitacional. O roteiro em Pernambuco vai se resumir ao evento do programa de estímulo à produção alimentar no Recife, de onde deve seguir rumo à Paraíba.

A voz do silêncio – Um detalhe chamou a atenção de quem acompanhava a reunião de ontem da bancada federal com o ministro José Múcio: ninguém levantou a voz em defesa da governadora depois que os deputados subiram o tom das críticas à ausência da tucana. Muitas vezes, o silêncio parece falar alto e bem compreensível.

CURTAS

FIRMEZA – Nos corredores da Assembleia Legislativa, o que mais se ouvia, ontem, eram comentários elogiosos à postura firme do presidente Álvaro Porto de não interferir em favor do Governo na eleição do presidente da Comissão de Educação, Waldemar Borges.

NORONHA – A Gol Linhas Aéreas fechou a base de Fernando de Noronha e demitiu os funcionários que ainda trabalhavam na ilha. A empresa não opera voos para Noronha desde outubro do ano passado, quando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) proibiu o pouso de aeronaves turbojatos. A determinação ocorreu porque a agência identificou problemas na pista do aeroporto de Noronha, como buracos e fissuras.

Perguntar não ofende: Por que a governadora não quer a Escola de Sargento?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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