A governadora Raquel Lyra (PSDB) passou a fase pós-eleição repetindo a ladainha de que Priscila Krause (Cidadania), vice-governadora, teria papel fundamental em sua gestão, que governaria em plena harmonia com ela. Chegou até uma semana antes da posse, sem ninguém cobrar, a postar no seu Instagram que seu governo seria tocado a quatro mãos.
Mas o Secretariado montado e empossado, ontem, não tem pasta ocupada pela vice, diferentemente do que fez o presidente Lula, que nomeou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB) para o Ministério da Indústria e Comércio, esse, sim, terá um papel no governo petista: fazer a ponte com o empresariado, com os investidores.
Priscila coordenou a equipe de transição, da mesma forma que Alckmin no plano nacional, mas sequer indicou um secretário. Especulou-se, ontem, que o secretário de Produção Rural, Aloísio Ferraz, historicamente ligado às forças de direita, teria sido uma sugestão do ex-governador Gustavo Krause, pai de Priscila.
Filha de político, militante política histórica de direita, cria do PFL, o Partido da Frente Liberal, Priscila começou jovem na vida pública, foi vereadora do Recife e deputada estadual. É, portanto, um animal político. Sendo assim, poderia ser útil ao Governo de Raquel na articulação entre Governo e o Legislativo.
Mas, pelo menos até ontem, a vice-governadora continuava sem função específica no Governo, nem na área política nem administrativa. Pode ser que sirva apenas para convocações emergenciais, quebrar tensões com os parlamentares ou ser consultada sobre decisões de governo difíceis de serem tomadas pela governadora.
Estado em emergência – No primeiro dia como governadora de Pernambuco, Raquel prorrogou até o dia 31 de março deste ano a situação de emergência na saúde pública em razão dos efeitos da pandemia. Foi, segundo a assessoria da tucana, um alerta por conta do crescimento dos casos de covid-19 na China. “Com a publicação, a governadora busca manter o estado para garantir o funcionamento do sistema de saúde e evitar perturbações sociais e econômicas”, diz um assessor.
O prestígio de João – Acionado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), indicou o economista Rafael Dubeux, atual secretário de Desenvolvimento Econômico do município, para chefiar a Assessoria Especial da Fazenda. Rafael fica com a responsabilidade de orientar as unidades de todo o Ministério da Fazenda, assim como dar suporte técnico na elaboração e revisão de normativos internos da pasta.
Reação da secretária bolsonarista – Ao ser questionada, ontem, sobre o bombardeio que recebeu do youtuber Felipe Neto, que a classificou de bolsonarista e devota das teses do ex-presidente da República, a secretária de Educação, Ivaneide Dantas, não deu muita importância. “As pessoas comentam o que querem. Não tenho muito o que falar. Só tenho que falar que estou disposta a trabalhar junto com Raquel Lyra e ouvir a necessidade de cada um de nós. Estamos juntas nessa perspectiva”, reagiu.
Reestruturação da segurança – Escolha das mais felizes da governadora Raquel Lyra, a secretária de Defesa, Patrícia Cunha, falou, ontem, pela primeira vez, sobre o desafio imposto pela frente de reduzir a criminalidade no Estado. Afirmou que está comprometida em fazer uma grande reestruturação na área de segurança pública. “Isso é um desejo da governadora. Vamos fazer uma reestruturação, como ela deseja, em busca de uma transformação da segurança pública que seja o melhor modelo de combate à violência”, disse, adiantando que perseguirá sempre a eficiência.
Luta pela sobrevivência – Ao empossar, ontem, seu Secretariado, a governadora Raquel Lyra deu a palavra de ordem para todos, exigindo muito trabalho em nome da mudança. “Lá fora, a luta é pela sobrevivência. Pela água, pela comida, para sobreviver à violência. Não vamos estar aqui à beira do rio só observando. Nós precisamos andar o nosso Estado inteiro, a Zona da Mata, o Agreste, os Sertões”, afirmou. Durante a cerimônia, a tucana afirmou não ter dúvida da capacidade de trabalho da equipe e de que todos conseguirão ouvir as demandas da população e resolvê-las da forma mais rápida possível.
CURTAS
FIM DA FUNASA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) extinguiu, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) de ontem, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). As funções do órgão, no entanto, ficarão a cargo dos ministérios da Saúde e das Cidades.
VAIADO – A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse, ontem, que a militância do partido terá de aceitar que Lula só conseguirá governar o país com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Parte da militância petista vaiou o anúncio do nome de Lira durante a posse do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Perguntar não ofende: Quem de Pernambuco Lula irá aproveitar no segundo escalão do seu Governo?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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