Vice-líder do governo de Jair Bolsonaro no Senado e candidato a chefiar a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, o senador Carlos Viana, do PL de Minas Gerais, defende que a bancada tenha uma relação de paz e harmonia com o governo Lula, que assume no próximo dia 1º. A posição também é defendida por outros candidatos a presidir a frente, uma das mais fortes do Parlamento.
“Não é hora de a gente incentivar mais a divisão no país. O novo governo precisa governar”, diz o senador. Viana já se reuniu duas vezes com interlocutores do PT, em encontros de aproximação. De acordo com ele, desde que o governo não tente articular pautas de costumes que desagradam à bancada evangélica, como legalização das drogas ou do aborto, a relação tende a ser tranquila.
“Deixamos para o novo governo quais são os limites da boa convivência. Respeitando os nossos posicionamentos, não trazendo as questões de comportamento que para nós são caras, haverá paz. Se insistirem com pautas de costumes, nós vamos para a guerra”, afirmou.
Apesar do alinhamento de evangélicos com Bolsonaro ao longo da campanha, o cenário mudou assim que o presidente foi derrotado nas urnas. Lideranças têm emitido sinais de aproximação, em busca de diálogo com o governo eleito.
Além de Viana, três deputados colocaram seus nomes na disputa pelo comando da bancada: Silas Câmara, do Republicanos do Amazonas, Eli Borges, do PL do Tocantins, e Otoni de Paula, do MDB do Rio de Janeiro.
“Relação respeitosa”
Bolsonarista radical até há pouco, Otoni de Paula tem dito que nos próximos quatro anos fará uma “oposição propositiva”. É uma mudança e tanto para quem chegou a parar até nos inquéritos do Supremo que investigam ações antidemocráticas da tropa de apoiadores do atual presidente. O deputado afirma que, se for eleito para liderar a bancada evangélica, defenderá uma postura, digamos, mais comedida.
“Sou oposição ao governo eleito, mas uma oposição respeitosa. No que for bom para o Brasil, vamos votar a favor, até porque meu partido é da base do governo. (…) E enquanto presidente da frente, obviamente que eu não tenho pretensão nenhuma de usá-la como veículo de oposição ao presidente ou ao próximo governo, até porque a gente se organiza organicamente dentro das suas pautas, que não são partidárias, são pautas de costumes, ideológicas e de defesa de princípios cristãos”, diz.
O discurso de Eli Borges é semelhante. Para ele, o novo comando da bancada precisa ter “equilíbrio” para “manter uma relação respeitosa” com o novo governo, “sem perder o foco da defesa do objetivo maior da frente parlamentar evangélica”.
O senador Carlos Viana garante ter o apoio do atual coordenador da bancada, Sóstenes Cavalcante, do PL do Rio. Sóstenes não confirma. Diz que respeita todos os candidatos ao cargo e que trabalha para que não haja necessidade de decidir no voto – tradicionalmente, a escolha do comando da bancada se dá por acordo, sem eleição.
O novo chefe da frente evangélica deverá ser definido em fevereiro, quando começa a nova legislatura.
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