As eleições em Pernambuco ganharam um contorno no seu transcurso natural imposto pela maior tragédia dos últimos anos, superior às cheias no Recife em 1975: a enxurrada d'água que durou uma semana. Fez mais estragos políticos do que os que estão no poder há 16 anos possam imaginar ou se dar conta.
Recife, especialmente, e Jaboatão, coirmã na dor, que disputa em igualdade de sofrimento com a capital, viraram vedetes dos telejornais no mundo inteiro. Justamente as duas governadas por agentes públicos representantes de lideranças que polarizam a disputa presidencial. De um lado, o PSB, aliado de Lula. De outro, o PL, de Bolsonaro.
Pré-candidato da Frente Popular ao Governo do Estado, Danilo Cabral, quanto mais entra no debate para culpar outros, inclusive o Governo Federal, pela tragédia, mais se complica. Impossível tirar dos seus ombros os erros históricos da falta de um projeto de prevenção para o que se viu nos morros do Recife e Região Metropolitana. O PSB, seu partido, está há 16 anos dando as cartas no Estado, dos quais, dez no comando da Prefeitura do Recife.
Anderson Ferreira, pré-candidato do PL ao Palácio das Princesas, também tem culpa no cartório pelos estragos e perdas de vidas em Jaboatão. Ele administrou o município por cinco anos e meio. Como explicar que a cidade foi a mais atingida, com o maior número de mortes? Na prática, não fez o dever de casa, pelo menos no Jardim Monte Verde, já nas estatísticas como cenário da maior carnificina.
É fato que Recife e Região Metropolitana convivem com o drama das cheias desde a era dos dinossauros, mas ninguém até hoje foi capaz de sustentar o discurso e a ação prática em cima de um modelo de prevenção para se evitar o pior. João Paulo, ex-prefeito do Recife, reclamou que o PSB não deu continuidade aos programas de investimentos maciços que ele fez no Recife. Ninguém do PSB contestou.
João, o prefeito infante-viajante, fala que investiu R$ 170 milhões em obras de prevenção de cheias e calamidades no Recife. Onde? Ninguém sabe. E os que poderiam contestar e levantar suspeitas, rareiam. João Paulo foi andorinha solitária.
O rastro do terror - Subiu de 34 para 37 o número de cidades que decretaram situação de emergência. Além das 128 mortes provocadas por quedas de barreira e enchentes, a tragédia deixou 61.596 desalojados e 9.631 desabrigados. São mais de 71 mil pessoas que ainda estão fora de casa, oito dias depois dos temporais. O balanço foi divulgado, ontem, pela Coordenadoria de Defesa Civil do Estado (Codecipe). Ainda segundo o balanço, os números foram repassados pelos municípios para Central de Operações.
Sebá sofre represálias - Mesmo sem ter ainda tornado público que aceitou convite para fechar a chapa da pré-candidata do Solidariedade ao Governo do Estado, Marília Arraes, como vice, o deputado federal Sebastião Oliveira, o Sebá, líder do Avante na Câmara, já começou a ser retaliado pelo governador Paulo Câmara. Em Serra Talhada, principal reduto eleitoral de Sebá, o Governo demitiu aliados dele no comando da Ciretran e no Aeroporto Municipal.
Sem limpeza - Moradores de áreas atingidas pelos temporais ainda cobram limpeza e apoio do poder público. Com medo de novos deslizamentos, aguardam para saber quando poderão voltar para as casas. Em Jardim Monte Verde, Jaboatão, Rose, que perdeu 11 parentes nos deslizamentos, disse que a família tem se dividido em duas casas. Enquanto isso, aguarda para saber onde poderá morar em definitivo. “A gente tem muito medo. Qualquer batida, a gente pensa que é a barreira arriando", afirmou.
Tribunal da vergonha - Os nove ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) foram responsáveis pelo gasto de ao menos R$ 1,2 milhão em dinheiro público com viagens, principalmente internacionais, entre janeiro e maio deste ano. Há meses em que eles ganham mais com a verba de diárias do que com o próprio salário, de R$ 37,3 mil brutos. O ministro Bruno Dantas, por exemplo, recebeu R$ 43.517,52 em diárias para uma viagem a países da Europa e da Ásia. Entre 25 de fevereiro e 13 de março, ele visitou órgãos de fiscalização de Varsóvia (Polônia), Riad (Arábia Saudita), Viena (Áustria) e Paris (França). Nesse período, recebeu seis diárias e meia.
De volta à Câmara - Vereadora do Recife por três mandatos consecutivos, não tendo emplacado o quarto por causa do voto de legenda (teve mais votos do que 20 dos 37 eleitos), Aline Mariano (PP) assume, hoje, em ato marcado para às dez horas, o mandato em substituição à vereadora Andreza de Romero (Podemos), que requereu licença maternidade. Candidata à deputada federal, Andreza, se eleita no pleito de outubro, permite Aline se efetivar.
CURTAS
MANSÃO - Parlamentares de oposição defendem a abertura de uma investigação oficial sobre a compra de uma mansão por R$ 6,7 milhões pelo Secretário Nacional de Justiça, José Vicente Santini. Amigo da família Bolsonaro, Santini comprou a casa no início deste ano, como revelou a coluna do site Metrópole, de Brasília.
VEM OU NÃO? - Ninguém, nem o próprio PT, tem segurança de que Lula virá ainda este mês dar um alento à candidatura de Danilo Cabral. Duas vezes já chegou a ser anunciada, mas agora não há mais data nem agenda.
Perguntar não ofende: Quando Bivar anuncia o vice na sua chapa para presidente?
Fonte:Blog do Magno Martins.
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