Os movimentos de aproximação e os gestos públicos vêm se dando há mais tempo, mas o convite formal a Geraldo Alckmin para ingressar no PSB foi feito no último domingo na reunião que o presidente nacional dos socialistas, Carlos Siqueira, teve com o ex-governador de São Paulo, cotado para compor uma chapa presidencial na condição de vice do ex-presidente Lula.
O encontro, primeiro depois de Alckmin deixar o PSDB, se deu nas presenças do prefeito do Recife, João Campos, e do aliado de primeira hora do ex-tucano, Márcio França, cujo nome é ventilado para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Como a coluna antecipara, Siqueira tinha reunião com Alckmin agendada para ocorrer antes do jantar promovido pelo grupo Prerrogativas, que juntaria, na noite daquele mesmo dia, o ex-governador paulista e o ex-presidente Lula.
O dirigente nacional dos socialistas recebeu Alckmin no hotel em que se encontrava hospedado. Testemunha da conversa, João Campos relata o seguinte: "Foi feito convite formal a ele e ele pediu um tempo para avaliar. Isso é natural. Na política, você não aperta um botão e as coisas estão resolvidas". João emenda: "A política é feita de pessoas, de conversas, de buscar consenso, entendimento. Então, foi feito o convite e vai ter o processo de avaliação. E, verdadeiramente, espero que a solução encontrada para as eleições do próximo ano seja de capacidade de unidade, de largueza. Não tem como um campo político vencer uma eleição se for estreito".
Antes, João cuidou de "manifestar respeito à história de Alckmin". Na avaliação dele, ele é "uma figura pública que, naturalmente, a gente vai ter divergência e visões de mundo distintas, mas é uma pessoa com respeitabilidade muito alta e foi governador quatro vezes de São Paulo, entregou resultado efetivo, é uma pessoa séria, uma pessoa correta".
Vice-presidente nacional de Relações Federativas do PSB, o gestor pondera: "Você pode até não ter a mesma direção de ideias que ele tem, mas é uma pessoa que já demonstrou ser séria e correta". O prefeito do Recife advoga que "o Brasil não aguenta mais quatro anos de um governo de Bolsonaro", que ele define como de "viés autoritário".
E projeta o seguinte: "Quem faz parte do campo democrático tem que encontrar um caminho para vencer essa eleição. Isso demanda, de cada partido, de cada ator político, que abra mão de alguma coisa". João fez as referidas observações durante entrevista de balanço do ano concedida, ontem, à Folha de Pernambuco. Ainda sobre a chance de o PSB indicar o vice de Lula, o prefeito não arrodeia: "Não tem como todo mundo sair ganhando num jogo desse. Quem tem que ganhar é o País. Quem tem que ganhar é uma harmonia que derrote Bolsonaro".
Indicar ou não vice de Lula
Indagado se é a favor de o PSB indicar vice de Lula, João Campos devolve: "É cedo para cravar sobre essa composição específica, mas o tempo que ela vem sendo construída é de harmonia das forças democráticas e isso é que eu quero deixar cravado. Há possibilidade de várias candidaturas no campo democrático e até no campo progressista. O que tenho defendido? Que as relações não sejam rompidas. Isso é o mais importante , porque lá na frente (2º turno) vai estar todo mundo junto.
Olho na missa > "A eleição se desenha para dois turnos e é muito provável que Bolsonaro vá estar no 2º turno", argumenta João Campos ainda sobre composição com o PT no plano nacional.
Atento > Ao realçar a importância do MDB para a aliança, João Campos acena a Raul Henry. "Primeiro, quero reconhecer o trabalho do presidente Raul Henry, que detém o controle de um partido histórico e que faz parte da Frente Popular no município e no Estado. É importante manter a relação com esse partido”.
Fonte :Folha de PE.
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