quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Uma reverência a Joaquim Francisco

 Muitas vezes ou quase sempre só conseguimos mensurar o tamanho e a importância de alguém quando perdemos. A morte serve como garimpo separando o joio do trigo. A partida do ex-governador Joaquim Francisco é um exemplo prático disso tudo. A penca de homenagens, vídeos, textos, notas mostram o quão grande era Joaquim e tudo que deixar para posteridade.

Dizem que toda unanimidade é burra, Joaquim Francisco foi a prova viva que isso não é regra. Poucos políticos conseguem ser unânimes como ele foi, reverenciado até por aqueles que esteve do outro lado ideológico da política. Sempre esteve do mesmo lado, com as mesmas ideias, mesmo mudando de partidos. Joaquim era e continuará sendo um exemplo a ser seguido.

Ocupou espaços de poder, mas sem perder sua gentileza e educação. Falava com gosto de iniciante e sabedoria dos anciões dos problemas do País e da economia e política internacional. Um estudioso até o fim. Sua voz arrastada carregada de nordestinidade era emblemática. Mesmo nascido na capital trouxe o DNA do interior, do pai de Macaparana, na Mata Norte e a mão sertaneja de Arcoverde.

Sua relação com a imprensa era intensa. Recordo que muitas meses liguei para ouvir uma opinião, uma análise ou até entrevistá-lo nos meus tempos de rádio. Sempre solícito, vai fazer muita falta. Era um homem de apontar caminhos. Dele escutei uma vez: “um gestor não pode nomear ninguém que não possa demitir!”, criticando a presença familiar nos altos escalões das gestões.

2021 não está sendo generoso com Pernambuco, perdemos a pouco Marco Maciel e agora Joaquim Francisco. Um ano difícil, a pandemia não nos permitiu render as reverências e as últimas homenagens que estão a altura desses ícones.

HOMEM NACIONAL – Nome de peso na política local rompeu as divisas de Pernambuco ao se projetar para o Brasil quando foi foi ministro de Sarney. Recentemente foi convidado a integrar a equipe de transição do então presidente eleito Jair Bolsonaro atendendo o convite do agora ministro do Turismo, Gilson Machado Neto.

APROXIMAÇÃO NO FINAL – Mesmo parentes distantes, o deputado Antõnio Moraes e o ex-governador Joaquim Francisco estiveram em lados opostos na política por quase toda vida. Exceto, na eleição passada ele não só votou em Paquinha para prefeito de Macaparana como fez questão de ir pessoalmente anunciar o apoio. A relação de Moraes e Joaquim “foi estreitada com o ingresso do ex-governador se filiou ao PSDB”, relembrou emocionado Moraes à Coluna.

SAIU PELA PORTA DA FRENTE – Em 2020 após ser cotado para disputar a Prefeitura do Recife, Joaquim Francisco tomou uma decisão mais enérgica, pediu a desfiliação do PSDB dizendo que era a hora de curtir a família. Saiu sob o incenso do presidente nacional Bruno Araújo que naquele momento fez uma justa homenagem.

CONTADOR DE HISTÓRIAS – Não tinha uma só vez que numa roda de conversas que Joaquim Francisco tivesse não saísse no mínimo uma duas histórias relacionadas ao tema. Tinha uma bibliografia de causos para todos os gostos e assuntos.

CONSELHO – Uma das últimas vezes que conversei com ele, disse-me: “menino escreva olhando para frente sem esquecer o retrovisor. Opinar não é crucificar, seja constante!”, falando sobre as colunas diárias.

Vá em paz, Joaquim Francisco! Receba nossa reverência!

Fonte: Blog do Elielson.

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