Por Adriano Oliveira*
Pesquisa divulgada em 25 de junho pelo IPEC mostra possibilidade de vitória do ex-presidente Lula no 1° turno na eleição presidencial – Lula tem 49% de intenções de voto e Jair Bolsonaro, 23%. Contudo, não posso afirmar que o ex-presidente Lula deve vencer a eleição. Ele é, nas condições atuais, favorito. Porém, a pergunta fundamental é: quais serão os efeitos das variáveis pandemia, crise econômica, vitimização do Lula, crise energética, “fraude” eleitoral e Covaxin na eleição presidencial? Não adianta olhar exclusivamente para a variável Intenção de voto. Ela é um indicador secundário.
Os eleitores responsabilizarão o presidente Bolsonaro pelos milhares de mortos em razão da pandemia? Por enquanto, as pesquisas sugerem que sim. Apesar da recente variação positiva do PIB, o desemprego continua alto. Qual será a taxa de desemprego no próximo ano? Não adianta o PIB crescer e não gerar empregos. Caso o crescimento da economia gere empregos, Jair Bolsonaro será beneficiado. O governo Bolsonaro estenderá o Auxílio Emergencial até o verdadeiro início da recuperação econômica? O aumento do valor do Bolsa Família, já anunciado pelo governo, alavancará a popularidade do presidente Bolsonaro?
Possível racionamento de energia ameaça a recuperação da economia e, por consequência, a popularidade do atual presidente da república. As inúmeras decisões da Justiça favorecendo Lula têm o poder de vitimizá-lo em parcela da opinião pública. O possível escândalo Covaxin trouxe para agenda midiática o debate sobre o impeachment do presidente Bolsonaro. Esta possibilidade não deve ser descartada. Assim como o enfraquecimento do “escândalo” e, por consequência, o fortalecimento da popularidade do governo Bolsonaro. A narrativa sobre fraude na eleição vindoura tem consequência explosiva caso as instituições, em particular militares e STF, não desencorajem o presidente em tal pleito.
O Lula, caso seja candidato, estará no 2° turno. E existe a possibilidade dele vencer no 1°. O enfraquecimento do presidente Bolsonaro ou o seu impeachment favorece o candidato do Centro. Este é um dado importante. Pois a interrupção prematura do mandato do presidente não beneficia o PT. Ao contrário. Fortalece o substituto do presidente Bolsonaro e oxigena o candidato do Centro. Saliento que ainda existem oportunidades para o presidente Bolsonaro recuperar popularidade. Porém, o estilo Jair Bolsonaro de ser – conflitivo, inábil para o diálogo – enfraquece as suas chances de recuperação.
*Doutor em Ciência Política. Professor do Departamento de Ciência Política da UFPE.
Fonte: Blog do Magno Martins.
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