Há uma grande expectativa em relação aos depoimentos de Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, e do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que é seu irmão, na CPI da Pandemia, logo mais, às 14h. A dupla denunciou possíveis irregularidades na aquisição que o Governo Federal fez da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biontech.
Nos últimos dias, a imprensa divulgou amplamente um trecho do relato que Luis Ricardo fez ao Ministério Público Federal sobre pressões que teria sofrido para acelerar o processo de compra do imunizante, ainda não liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A negociação já estava sob suspeita do próprio MPF em razão disso e dos valores cobrados na negociação. considerados elevados – cada vacina saiu por R$ 80.
O contrato fechado em fevereiro deste ano previa a aquisição de 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão. Diante disso, a procuradora da República Luciana Loureiro Oliveira estabeleceu a apuração aprofundada, na esfera cível e criminal, sobre o caso. Foi a ela que Luis Ricardo contou ter sido pressionado por um superior.
Outro ponto que chamou atenção foi haver uma empresa intermediária, a Precisa Medicamentos, que representa a Bharat no Brasil. Os acontecimentos acenderam o alerta em integrantes da CPI. O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), fez um requerimento convocando os depoentes e a maioria da Comissão aprovou a solicitação.
O deputado Luis Miranda disse aos senadores que houve a exigência da Precisa de um pagamento adiantado de US$ 45 milhões (cerca de R$ 220 milhões) para que fosse feito na conta de uma outra empresa, a Madison Biotech, com sede em Cingapura. Na última quarta (23), Miranda deu publicidade a prints de conversas de WhatsApp em que afirma ter avisado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre as suspeitas de irregularidades.
O parlamentar também sustenta que conversou pessoalmente com o chefe do Executivo no último dia 20 de março e que apresentou documentos denunciando o caso. No mesmo dia, o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Onyx Lorenzoni, fez um pronunciamento e reagiu às acusações, ameaçando os irmãos Miranda, levantando a possibilidade de falsificação de documentos por parte do funcionário do Ministério da Saúde e que o presidente Bolsonaro determinou que a Polícia Federal os investigasse.
Presidente nega corrupção – Em sua tradicional live nas redes sociais, ontem, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que se reuniu com Miranda, mas rebateu qualquer irregularidade envolvendo a compra e a importação da Covaxin. “Não recebemos uma dose de vacina, que corrupção é essa? Não foi gasto um centavo com aquilo. Pode olhar aí todas as notas. Sem falar que, publicamente, eu disse que só compraríamos vacina depois que passar pela Anvisa”, declarou. Ele também fez críticas ao ex-aliado: “Deputado aí que tem uma ficha, um prontuário bastante extenso”. Miranda acumula vários processos, entre os quais estelionato e ameaças de morte.
“Coronavac com problemas” – Ainda na live, acompanhado do ministro das Comunicações, Fábio Faria, Bolsonaro fez várias críticas à Coronavac, vacina contra a Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. “Vocês estão vendo que essa vacina, a Coronavac, está com problemas em alguns países do mundo, como por exemplo Chile. No Brasil, não está sendo diferente”, disparou. Bolsonaro ainda perguntou se Fábio tomaria o imunizante. “Não, vou ver se tem outra”, respondeu o ministro. Um levantamento feito pelo secretário de Serviços Integrados de Saúde do Supremo Tribunal Federal, Wanderson de Oliveira, mostrou que a Coronavac é a que mais protege contra casos graves da doença, evitando até 97% das mortes.
Superpedido – Um grupo formado por parlamentares de centro, direita e esquerda, movimentos sociais e pessoas físicas vai apresentar um superpedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados, na próxima quarta-feira (30). A definição sobre o pedido ocorreu hoje, durante uma reunião virtual ampliada. A frente alega “um conjunto de crimes cometidos pelo atual presidente da República desde que tomou posse em 2019, sendo a maioria os crimes cometidos durante a pandemia, que resultaram na morte de mais de 500 mil brasileiros”.
Queda na ocupação – A taxa de ocupação das UTIs em Pernambuco chegou ontem a 79%. Este é o menor índice desde 24 de novembro de 2020. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, há 368 leitos de terapia intensiva disponíveis para pacientes de Covid-19 em Pernambuco, zerando a fila de espera por vagas. O Estado tem, atualmente, 1.812 leitos ativos de UTI, sendo a sexta maior rede do país e é a mais robusta do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Pediu para sair – O vice-procurador-geral Eleitoral, Renato Brill de Góes, enviou um ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, pedindo para deixar o cargo. Ele foi indicado para a função pelo próprio Aras, que lidera o Ministério Público Eleitoral. A justificativa oficial é de que está enfrentando problemas pessoais. Nos bastidores, a informação é de que Góes se chateou com algumas movimentações, como a tentativa de voto impresso que corre na Câmara Federal. No cargo desde março de 2020, o vice-procurador-geral Eleitoral deve sair em julho.
CURTAS
PERNAMBUCANO EM CANNES – O cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho (“Bacurau”) integrará o júri principal do 74º Festival de Cannes. O diretor é um dos nove convidados para compor o grupo, que será presidido pelo realizador estadunidense Spike Lee (“Faça a coisa certa”). O evento ocorrre entre os dias 6 e 17 de julho deste ano.
TÚLIO CONTRA SALLES – O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) entrou, ontem, com uma representação na Procuradoria-Geral da República, para que o órgão instaure medida cautelar de inquérito para reter o passaporte do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que foi exonerado na última quarta-feira (23).
Fonte: Por Houldine Nascimento – interino.
Blog do Magno Martins.
Nenhum comentário:
Postar um comentário