O PSDB voltou à pauta nessa semana por dois assuntos não dignos de um partido que já governou o Brasil por duas vezes. O mais fatídico, trataremos abaixo, o quadro irreversível do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, que convalesce no hospital acometido por um câncer agressivo. Para além do triste encerramento da trajetória do neto de Mário Covas, está uma briga interna que, se for mantida, pode fazer uma fissura ainda maior no ninho tucano e impedir que a legenda volte a sonhar alto.
Trata-se da batalha travada entre o grupo do governador de São Paulo, João Dória, e o do ex-governador Geraldo Alckmin. Vamos aos fatos. Dória quer ser candidato a presidente em 2022. E quer apoiar seu vice, Rodrigo Garcia, ao governo paulista. Para tal, tirou Garcia do DEM e o filiou ao PSDB. Mas isso vai de encontro ao propósito de Alckmin, que quer disputar seu quinto mandato para o Palácio dos Bandeirantes.
Com a filiação de Garcia, o ex-governador ameaça forçar uma prévia interna para definir quem concorrerá a cargo no ano que vem. Prévias, como bons pernambucanos que somos, e ciente dos nossos exemplos, já sabemos que são uma furada. Ninguém sai ganhando, todos perdem. É o caso do tucanato de São Paulo. Quem quer que vença, terá de concorrer com um partido rachado e sem o apoio de forças representativas. Tanto que Alckmin cogita, inclusive, trocar o PSDB por outra sigla, algo até ontem impensável.
Perde muito também João Dória. Diante de um cenário de polarização entre Lula e Jair Bolsonaro, sem espaço para uma candidatura de centro, segundo as últimas pesquisas de opinião, o governador paulista entraria enfraquecido na briga pelo Palácio do Planalto. Se nem o PSDB João Dória consegue unir, imagina um país altamente polarizado entre Direita e Esquerda. Com isso, sua candidatura pode já nascer fadada ao fracasso. Não há vacina do Butantan que resolva…
NEM AÍ – Maior liderança do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do alto dos seus quase 90 anos, parece não está nem aí para a briga entre o governador de São Paulo, João Dória, e o ex, Geraldo Alckmin. Mesmo se sabendo que FHC tem preferência pela turma de Alckmin, ele tem evitado se posicionar em favor do correligionário. Na última declaração pública que deu, por sinal, preferiu focar na disputa Lula versus Bolsonaro, que é o que parece que vai vingar na eleição presidencial de 2022. O ex-presidente tucano disse que não vota em Bolsonaro de jeito algum. Logo, em um segundo turno, isso o faria votar em Lula. Bolsonaro conseguiu mais essa proeza: fazer um tucano votar abertamente em um petista!
PERNAMBUCO – Em Pernambuco, a verdade é que o PSDB é um eterno coadjuvante. Mesmo tendo um pernambucano à frente da nacional, o ex-deputado Bruno Araújo, que mais parece paulista, o partido por aqui faz tempo que não tem o destaque da época de Sérgio Guerra, ex-senador e ex-deputado, que também já presidiu a legenda em outros tempos. As lideranças mais representativas no estado são a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, que ensaia sem muito entusiamo uma candidatura ao Governo do Estado, e o ex-senador Armando Monteiro Neto, recém filiado, que deve concorrer à Câmara Federal.
CAIU DE PÉ – A Via Crucis pública à qual se submeteu o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, é algo muito raro. Penando visivelmente em decorrência de um câncer agressivo, que se espalhou pelo seu corpo, o jovem gestor de apenas 41 anos perde a batalha, mas encerra a sua passagem por este mundo maior. Sua força e firmeza de caráter são exemplos para essa geração de políticos que se apresenta. Bruno não abaixou a cabeça em nenhum momento. Fez da sua luta uma luta pública; governou a maior cidade do país, disputou e venceu a reeleição sem se deixar abater pela doença. Merece todo nosso respeito!
EXEMPLO – Quis o destino que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, perdesse a batalha justamente para a mesma doença que seu avô, o ex-governador Mário Covas, que, assim como o neto, faleceu no cargo vítima de câncer. Uma triste coincidência, mas que reforça o legado dessa família de políticos relevantes. Covas, o avô, era de uma geração de grandes homens públicos, a exemplo de Tancredo Neves, Miguel Arraes, Leonel Brizola e tantos outros. Quando faleceu, Mário Covas tinha como vice justamente Geraldo Alckmin, que assumiu o governo, se reelegeu e alçou seu nome à política nacional como uma das principais lideranças do PSDB.
O povo quer saber: por onde andam José Serra e Aécio Neves, duas “antigas” lideranças do PSDB que parecem ter entrado no ostracismo?
Fonte : FalaPE.
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