O PT que foi às ruas do Recife, sábado passado, dia nacional de protestos contra Bolsonaro, levou tiro de borracha e spray de pimenta na cara da policia do PSB, é o mesmo que foi chamado de ladrão pelo mesmo PSB de João Campos, que derrotou Marília Arraes na disputa pela Prefeitura da capital nas eleições do ano passado.
Revoltada com a repressão da polícia do Governo socialista, a militância petista só não chamou o governador Paulo Câmara de arroz doce, mesmo ele tendo condenado o ataque à vereadora Liana Cirne (PT). Essa mesma militância que ontem penou nas mãos da polícia do PSB que se prepare para ir às ruas pedir voto para um candidato do PSB a governador, em 2022.
A própria vereadora agredida, certamente estará no mesmo palanque do PSB, provavelmente batendo palmas para o candidato socialista, a pedido do ex-presidente Lula, que já está de casamento reatado com as forças do PSB para disputar à Presidência da República. A não ser que a vereadora siga os caminhos de Marília Arraes.
Esta, que deve ser, mais uma vez, fritada por Lula, tende a criar uma dissidência contra o candidato do PSB. Pobres e iludidos militantes petistas! Não sabem – ou fingem – que PT e PSB são feitos o gato e rato, um dia brigam, outro estão juntos, dividindo o mesmo queijo, no caso de PSB e PT, o latifúndio de cargos e benesses do poder.
PSB e PT nunca formarão um casal perfeito, daqueles de cinema. Brigam muito, ficam muito tempo sem se falar, cada um querendo ser o dono da verdade, cada um querendo um bolo maior da fatia do poder. Tudo joguinho bobo de orgulho ferido. Por trás das caras fechadas e bicos de ocasião o que se sabe dessa relação é que existe muita fominha de poder, uma gulodice nunca vista na história recente do País, como diz Lula.
PSB e PT são como no amor verdadeiro de casal apaixonado: brigas e mais brigas, mas em cada término de uma briga se abraçam e se amam como na primeira vez. Tem coisa mais engraçada do que as caras patéticas dos casais que brigam feio, fazem barraco, bradam publicamente horrores sobre o relacionamento, trocam ofensas expondo detalhes que só deveriam interessar a eles próprios e depois fazem as pazes, bonitinhos e alegrinhos, e saem de mãos dadas como se nada tivesse acontecido? Assim é PT e PSB, o reino da jecura em sua forma mais pura e realista.
Responda se souber – O que se pode esperar de um governador que não controla a própria polícia, que desobedece a suas ordens e agride político com spray de pimenta? Que toma decisões açodadas, como a punição do militar agressor sem saber de fato o que aconteceu? Que permite aglomerações no Recife, no mesmo fim de semana em que fecha no resto do Estado comércio, feiras, bares, restaurantes e até uma simples lojinha de conveniência, serviço essencial em qualquer posto de gasolina?
Abuso de autoridade – Tão logo tomou conhecimento do incidente envolvendo um policial e a vereadora petista, a delegada Vilaneida Aguiar (foto) foi às suas redes sociais e postou: “De forma nenhuma, estou defendendo a atitude do policial, até mesmo porque vai ser apurado pelas autoridades competentes. No entanto, o que posso dizer de antemão é que a senhora vereadora praticou, sim, abuso de autoridade. Está muito explícito”.
Confessa carteirada – Se houve abuso de autoridade, não sei. O que sei, na verdade, é que a vereadora teve um surto ditatorial e esfregou a sua carteira parlamentar na cara dos policiais, assumindo, de fato, que deu mesmo uma carteirada, conforme postou o seguinte em suas redes sociais: “Não me arrependo por um segundo do que fiz. Estou sendo criticada por ser impetuosa. Mas se tenho uma carteira de couro com um brasão da Câmara Municipal, é para isso que ele foi feito! O único carteiraço que vale a pena dar na vida. Fiz e faria de novo.”
Baderna – Estranha a versão dos manifestantes de que o protesto contra Bolsonaro no Recife foi pacífico. A baderna foi grande: após o ato, os garis tiveram dificuldades de limpar as áreas do foco, com um amontoado de pedras e paus. Lojas do centro foram depenadas, carros da polícia violentados, enfim, tudo isso está longe de se traduzir como pacífico. O policial errou feio ao jogar spray na vereadora, mas a polícia, que estava ali apenas para cumprir ordens, negadas depois pelo governador, também foi agredida. E muito!
Fim dos golpes – O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, disse que não há lugar na democracia brasileira para a “não aceitação dos resultados legítimos das urnas”. Em entrevista ao jornal O Globo de ontem, defendeu o sistema eletrônico de votação. Disse que já “passou o tempo de golpes, quarteladas, quebras da legalidade constitucional. Ganhou, leva. Perdeu, vai embora”. O ministro citou o exemplo do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que “esperneou muito, mas está na Flórida, não em Washington”. O republicano, depois de perder as eleições nos Estados Unidos para Joe Biden, entrou com diversos recursos na Justiça argumentando que o pleito foi fraudado.
CURTAS
REAÇÃO 1 – Em dia de protestos contra seu governo, o presidente Jair Bolsonaro publicou, sábado passado, em seu Instagram uma foto com uma camisa com as palavras “imorrível”, “imbroxável”, “incomível”. As manifestações contra o presidente foram registradas em 22 estados e no Distrito Federal.
REAÇÃO 2 – A foto foi publicada no Instagram, Facebook e Twitter. Nesta última rede social, o presidente usou a seguinte legenda: “Temos um governo que acredita em Deus, deve lealdade ao seu povo e respeita os seus militares. Mais do que obrigação e dever, tenho certeza que vocês vão atuar dentro das quatro linhas da Constituição, se necessário for.”
Perguntar não ofende: A Polícia de Pernambuco agora faz parte das milícias bolsonaristas?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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