Presidente nacional do PCdoB, a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, só foi comunicada da saída do deputado João Paulo, que pretende voltar ao PT, pelo líder da legenda comunista na Câmara, Renildo Calheiros. Pela lei, João não poderá se transferir automaticamente para o partido que fundou e militou a vida inteira, a não ser que ocorra um acordo de cavalheiros, sob o risco de perder o mandato.
A legislação eleitoral proíbe a troca de partido ao longo do exercício do mandato, com exceção da chamada “janela do troca-troca”, aberta faltando um ano para a próxima eleição. “Não posso dizer que vamos criar algum problema para João no diretório nacional, sob o meu comando, porque ele nunca me procurou, conduziu tudo com Renildo”, disse Luciana, a mandachuva do partido, numa conversa rápida com o blog.
Ao ser questionado sobre a pendenga, que pode retardar seu projeto de botar de imediato a estrela do PT na testa e no coração, João Paulo disse que não estava preocupado com isso. “Não é uma preocupação minha, mas estamos analisando”, admitiu, referindo-se a Renildo Calheiros. Ex-prefeito do Recife, João Paulo disputou as eleições passadas para prefeito de Olinda, mas foi derrotado por Professor Lupércio, reeleito no primeiro turno.
“Minha volta ao PT é certa, inclusive já conversei com Lula e a presidente Gleisi Hoffmann”, revela o parlamentar, adiantando, também, que tratou do assunto igualmente com o senador Humberto Costa, o ex-ministro José Dirceu, o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos braços direitos de Lula, e com o presidente estadual do PT, Doriel Barros.
A ideia de João Paulo é anunciar a reatada do seu casamento com o PT na primeira passagem de Lula por Pernambuco, o que está sendo agendado tão logo a pandemia emita sinais de que está sob controle no Estado, com a redução de casos e mortes. “Estou aguardando a agenda de Lula”, reiterou. Por fim, o deputado disse que não haverá nenhum tipo de retaliação porque, segundo ele, Renildo entendeu a situação. “Renildo deverá tratar do caso com Luciana”, afirmou.
PERDA DE MANDATO – Se João Paulo não receber por escrito um documento da direção do PCdoB abrindo mão da sua filiação, ou sendo expulso, neste processo da sua volta ao PT, corre o risco de perder o mandato de deputado estadual. Basta só o suplente da coligação entrar com um recurso na Justiça Eleitoral que a causa é dada como certa e líquida. A regra é clara: o mandato proporcional pertence ao partido e não ao mandatário. Neste sentido, a única exceção é a janela do chamado jeitinho brasileiro, aberta faltando exatamente um ano para a eleição seguinte.
OLHO NO SENADO – O que está por trás da intenção de João Paulo voltar ao PT? A charada é fácil de matar: o ex-prefeito está de olho na vaga para o Senado na chapa do candidato a governador da possível aliança em nível nacional, reproduzida em Pernambuco na disputa majoritária entre PSB e PT. Não há um candidato natural ao Senado. Humberto tem mais quatro anos de mandato e se couber ao PT a indicação do candidato ao Senado o nome mais expressivo, sem dúvida, é o de João Paulo.
EXIGÊNCIA DE LULA – Na composição da chapa da aliança governista, o que se diz, diante do novo casamento PT x PSB, é que Lula colocará como condição a indicação do nome para senador, estratégia nacional para fortalecer o partido, hoje em baixa, no Congresso. Neste caso, caberia aos demais partidos da ampla aliança governista a indicação do candidato a vice-governador. Fortalecido entre os demais partidos concorrentes, por ter o maior número de deputados na Assembleia, caberia ao PP preencher a chapa com o candidato a vice.
OS SEM ESPAÇO – Se de fato vier a ser brindado com a indicação do candidato a vice na coligação governista, o PP já tem, desde já, um nome para ser puxado do colete do seu presidente estadual, Eduardo da Fonte: o presidente da Assembleia Legislativa, Eriberto Medeiros. Impedido de disputar, mais uma vez, a presidência da Casa, Eriberto já está percorrendo o Estado para ganhar musculatura na briga pela composição da chapa de governador. Neste caso, deixam de ser contemplados na aliança o PSD, de André de Paula, o Republicanos, de Silvio Costa Filho, e o Solidariedade, de Augusto Coutinho, além do PDT, de Wolney Queiroz, que já disse que não trocará Ciro Gomes por Lula na disputa presidencial.
FERIDAS E ALINHAMENTO – Em entrevista, ontem, ao blog da Folha de Pernambuco, o senador Humberto Costa admitiu que PSB e PT poderão subir ao altar, novamente, de véu e grinalda, para reatar o casamento desfeito no Estado com a disputa pela Prefeitura do Recife na eleição passada. “A eleição deixou muitas feridas, principalmente pelo forte uso do antipetismo na campanha, mas sempre as portas se abrem para o diálogo e no caso de Lula vier a ser de fato candidato a gente terá que discutir várias alternativas e se unir, novamente, em Pernambuco”, disse.
CURTAS
PATINHO FEIO – Quem não deve gostar nadinha dessa história de João Paulo voltar ao PT para disputar o Senado é o presidente estadual do PSD, André de Paula. Ele sonha acordado na disputa majoritária, mas o partido dele ainda está sendo tratado na aliança governista como o patinho feio, sem espaço e sem poder na estrutura do Governo Paulo Câmara.
MUDANÇA – Em Caruaru, o PTB passa a ser comandado, a partir desta semana, pelo ex-deputado Adolfo da Modinha, empresário bem-sucedido e bolsonarista convicto. Ele assume as rédeas trabalhistas na capital do forró substituindo o ex-senador Douglas Cintra, que fará o mesmo caminho de Armando Monteiro Neto, a quem é ligado, filiando-se ao PSDB. Douglas é candidato a deputado federal.
Perguntar não ofende: A CPI da pandemia vai convocar Geraldo Covidão para explicar o escândalo dos porcos?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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