sábado, 3 de abril de 2021

Sinal de fritura em Ciro

 

O presidente do PDT, Carlos Lupi, oscila entre manter a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República em 2022 ou rifar o seu nome em apoio a uma candidatura viável contra Jair Bolsonaro. Ele deu declarações nos dois sentidos. Em um primeiro momento, em entrevista ao jornal Valor Econômico, afirmou que o PDT poderia apoiar outro nome.

Ponderou, porém, que a ideia de candidatura própria continua sendo a prioridade do partido. “Se houver a ameaça de continuidade de Bolsonaro, é uma hipótese que admito”, disse a respeito de recuar em uma candidatura própria. “Se surgir nessa terceira via um outro nome, que apresente um bom projeto, podemos conversar”, prosseguiu, a respeito da carta assinada por seis presenciáveis, entre eles o próprio Ciro, em defesa da democracia na última quarta-feira.

O manifesto se identificou como uma reação ao “autoritarismo” e uma defesa da “liberdade”. O texto foi divulgado na data que marcou o 57º aniversário do golpe militar de 1964, que é exaltado pelo atual presidente. “É preciso ver o melhor nome, quem poderá derrotar Bolsonaro. Não podemos entrar nessa conversa com uma conversa com um projeto hegemônico, de fazer aliança desde que o candidato seja o meu”, argumentou.

No fim do dia, porém, o dirigente pedetista disse à revista Carta Capital que a candidatura é uma “decisão tomada”. “Queremos conquistar aliados para nosso projeto nacional de desenvolvimento que é personalizado pelo Ciro”, disse Lupi. Se o próprio presidente do partido de Ciro vacila, imagine o PSB, que o presidenciável imagina contar nas eleições do próximo ano, investimento que fez no pleito de 2020.

Tal investimento se observou, especialmente, em Pernambuco. Ciro se envolveu de corpo e alma na candidatura de João Campos, participando de vários eventos presenciais no Recife, com a esperança, certamente, de que em 2022 terá o partido em seu palanque. É bom ficar com um pé atrás. Quando esteve filiado à legenda, Ciro provou do fel. Eduardo Campos rifou sua postulação ao Planalto e ainda o humilhou.

PERSISTENTE – Ciro Gomes tem um temperamento explosivo, sem papas na língua e é insistente. Foi candidato a presidente em 2018 e ficou em terceiro lugar. Ele teve 13.344.366 votos, ou 12,47% do total. O ex-governador do Ceará e ex-ministro de Itamar Franco também foi candidato em 1998 e em 2002 pelo PPS. Em 98, ficou em terceiro lugar, atrás de Fernando Henrique Cardoso (que foi reeleito) e Lula. Teve 7.426.190 votos, 10,97% do total. Em 2002, ficou em quarto lugar, com 10.170.882 votos, atrás de Lula, José Serra e Anthony Garotinho. Teve 11,97% dos votos.

O RESPONSÁVEL – Para 44% da população brasileira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi o principal responsável pela atual situação da crise do coronavírus no Brasil. Outros 23% citam as pessoas que não respeitam as normas de biossegurança contra a covid-19, enquanto 16% responsabilizam o governador do seu Estado. Os números são de pesquisa PoderData realizada de 29 a 31 de março de 2021 com 3,5 mil pessoas em 541 municípios das 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos. Ainda há 8% que dizem que os responsáveis pela atual crise da covid-19 foram os prefeitos. O Ministério da Saúde aparece na sequência, citado por 4%. Aqueles que responsabilizam “outros” somam 5%.

MAIS VACINAS - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), enviou um ofício ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, pedindo apoio do órgão e de outros países para acelerar a vacinação contra a covid-19 no Brasil. Junto ao ofício, foi encaminhada a “moção de apelo à comunidade internacional”, aprovada pelos senadores em 23 de março. Pacheco afirma que o País é o epicentro da pandemia e que a situação é “dramática”. Pede a Guterres que a ONU ajuste o cronograma de entrega de vacinas pelo consórcio Covax Facility, uma aliança global com mais de 150 países, criada para incentivar o desenvolvimento e a distribuição de vacinas. O acordo com o Brasil é para a entrega de 42,5 milhões de doses, um investimento de R$ 2,5 bilhões.

GOLPE DE ESTADO – O colunista Hélio Schwartsman, do jornal Folha de S. Paulo, defendeu um golpe de Estado em que militares de alta patente pressionassem Jair Bolsonaro a renunciar, para que assumisse o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB). O texto foi publicado, ontem, na versão impressa do jornal. Schwartsman diz ser contra um golpe com militares e tanques nas ruas. Mas acha que uma hipótese mais reservada seria aceitável. Ele escreve: “Admitamos, porém, para os propósitos desta coluna, que seja mesmo um golpe, já que idealmente militares não se metem com política. Você o aplaudiria ou vaiaria? […] Não sei quanto a você, mas eu, em nenhuma hipótese, derramaria uma lágrima por Bolsonaro."

JUSTIÇA JUSTA – Após perder ação de danos morais contra três ex-jornalistas da revista Época, o ex-presidente Lula teve de pagar R$ 31.940,14 em honorários ao advogado deles. A intimação para o pagamento foi feita no último dia 23 e este foi realizado no dia seguinte. Lula entrou com ação na Justiça em 2015. Na edição 882 daquele ano, a revista publicou a matéria de capa “Lula: o operador”, na qual revelou uma investigação da Procuradoria no Distrito Federal para apurar se o petista teria atuado para favorecer a Odebrecht em contratos na América Latina e na África com dinheiro do BNDES. O texto foi assinado por Thiago Bronzatto e Filipe Coutinho, enquanto Diego Escosteguy era editor-chefe da revista.

CURTAS

LAMENTO 1 – A jornalista Aline Midlej roubou a cena durante a parte final do Estúdio i, da Globo News, na última quinta-feira, com um recado claro ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua equipe de ministros e auxiliares. A jornalista lamentou a eleição do atual governo, em 2018, em meio ao caos vivido por causa da pandemia.

LAMENTO 2 – “Eu gostaria que fosse mentira o que aconteceu nas eleições de 2018, para que a gente tivesse de fato uma liderança a altura do que o Brasil merece e precisa no momento tão duro que a gente enfrenta agora, em que o amor ao próximo, a empatia, o respeito à vida salva vidas”, comentou Aline, gerando uma grande polêmica no ar.

Perguntar não ofende: Sobre a vacina, quem fala a verdade: o presidente ou os governadores?

Fonte: Blog do Magno Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário