Por Houldine Nascimento – interino
Diante das especulações que surgiram há alguns dias em torno de seu nome sobre a corrida eleitoral em 2022, o ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) deixou aberta a possibilidade de se candidatar à Presidência da República. Em entrevista ao programa Frente a Frente, ontem, declarou que sonha em chegar ao Palácio do Planalto.
“Seria hipócrita falar que não topo [sobre candidatar-se pelo PSB]. Todo mundo que está na política como eu, que tem uma longa carreira, 40 anos de vida pública, o orgulho de nunca ter sido processado e ter governado coisas grandes, tem o sonho de um dia ser presidente. Mas a gente tem que reconhecer que há momentos melhores e piores”, confessou ao âncora Magno Martins, titular deste blog.
França se juntou ao prefeito do Recife, João Campos, na defesa de uma candidatura própria do PSB à Presidência: “Eu me alinho muito com o João. Acho que ele está correto e o ideal é termos o nosso próprio candidato.” Ele revelou empenho para encontrar um nome que possa representar o partido. Neste momento, lembrou do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que se lançou à Presidência em 2014.
“Eu gostaria muito de tentar trazer outros nomes, animar outras pessoas com o nosso perfil exato a serem candidatas. É natural a tentativa da gente encontrar um nome que possa, quem sabe, encontrar um eixo. A gente trabalhou muito para que Eduardo fosse esse nome. A única discussão que eu tinha com Eduardo é que ele achava que ia ganhar no segundo turno e eu achava que ele ia ganhar no primeiro. Eu tinha absoluta convicção de que ele seria presidente da República”, declarou.
Márcio França cogitou outras lideranças socialistas, como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, definido por ele como “um técnico, com uma cara moderada” e com “uma noção administrativa”. “Então, se ele resolve ser candidato, seria excelente”, prosseguiu. Também pôs em evidência o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, e Beto Albuquerque, que compôs a vice da chapa do PSB à Presidência em 2014, após a morte de Eduardo Campos.
O ex-governador paulista também não descartou a chance de ser vice em uma chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula (PT), o que foi ventilado recentemente: “Nós já tivemos com Lula em uma eleição, Eduardo era muito amigo dele. Claro que é um sujeito carismático. Das lideranças populares do Brasil, Lula é a maior”, disse França, que avaliou ser “muito difícil” o petista estar ausente de um segundo turno. “É mais fácil Bolsonaro não chegar no segundo porque a pandemia ainda vai ficar e a parte econômica vai vir”, completou.
ACENO A CIRO – Márcio França também elogiou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e manteve a esperança do pedetista em contar com o PSB para o próximo ano. “Dentro da coligação, nós temos o Ciro (Gomes), por quem a gente tem muito respeito, já foi nosso. É uma pessoa experiente, já foi governador, prefeito, ministro... É uma pessoa preparada”, comentou. Em contrapartida, demonstrou ter dúvidas de que Ciro será candidato: “Conforme ficar o quadro, se o Doria não sair candidato e eventualmente o Ciro não sair, você pode ter um primeiro turno com cara de segundo.”
PAU EM DORIA – Na entrevista, França criticou fortemente o atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Disse que sua gestão da pandemia foi “confusa” e atentou para o índice de mortalidade no Estado. Segundo ele, é maior do que a média nacional. “Aqui em São Paulo, morrem mais de 50% do que no Brasil”, afirmou. Afeito a frases de impacto, disse que Doria “ficou grudado na história da vacina”. Declarou que o tucano “grudou no Butantan” porque “é bom de marketing” e emendou: “Eu disse que, no Butantan, a única coisa parecida com ele (Doria) é o veneno das cobras. Não tem noção de nada. Ele é de muita notícia e pouca ação. Brinco que ele fala muito ‘acelera’. Acelera, mas não engata.”
“GOVERNADOR GANGORRA” – França ironizou as pretensões de Doria sobre se candidatar à Presidência. “O Doria, que era um pré-candidato, está com muito medo, deve ter se assustado. Com tudo isso que aconteceu, deve estar pensando: ‘Como eu vou fazer’. Porque um cara como ele não tem espaço político, com tanta rejeição. Aqui em São Paulo, o pessoal o chama de ‘governador gangorra’. Onde ele senta, o pessoal levanta”, disparou. Ele apontou falta de ajuda do gestor tucano a diversos setores na pandemia: “Você imagina buffet, eventos, transportador escolar... Só aqui na capital são 20 mil transportadores. Todo mundo sem renda. Demos um azar de pegar um governador como Doria.”
ELOGIOS A JOÃO – O ex-governador paulista também falou sobre o prefeito João Campos e disse que ele terá uma chance de ouro de se tornar um quadro nacional ao administrar Recife. “João é uma grande revelação. Eu comentava aqui em casa com a minha mulher que ele lembra muito o Eduardo, os traços muito parecidos, o jeito... Essa vitória no Recife foi consistente. Não era uma adversária simples, que levava o nome de Arraes. Eu tenho relação com ela (Marília), o pai é muito meu amigo. Eu imaginava uma eleição dura. João foi muito bem e hoje ele é nosso futuro. A passagem dele pela Prefeitura, com a dificuldade de uma pandemia, vai prepará-lo para voos mais altos”, realçou Márcio França.
CRISE NA TRIBUNA – Os profissionais da TV Tribuna, afiliada da Rede Bandeirantes em Pernambuco, caminham para o terceiro mês sem receber salários. Até o momento, a emissora não pagou as folhas de fevereiro e março e não há perspectiva sobre abril. Diante dessa crise praticamente insolúvel, com queixas dos jornalistas, haverá a abertura de um processo investigatorio pelo Ministério Público do Trabalho para apurar as denúncias de irregularidades apontadas pelo Sinjope, que representa a categoria no Estado. Resta prestar solidariedade aos profissionais neste momento difícil.
CURTAS
PROMESSA VAZIA – Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro prometer, na Cúpula de Líderes sobre o Clima, duplicar recursos para combater queimadas e preservar as áreas de fiscalização ambiental, o Governo Federal divulgou um corte de R$ 240 milhões no orçamento geral do Ministério do Meio Ambiente. Só no Ibama, haverá veto de R$ 19,4 milhões.
BAIXARIA NA CORTE – Mais uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi marcada por bate-boca entre ministros. Desta vez, o embate ocorreu ao final da sessão que confirmou a suspeição de Sergio Moro nos julgamentos feitos contra o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva na operação Lava Jato. Na última quinta (22), os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso trocaram farpas sobre o mérito do julgamento.
Perguntar não ofende: Bem cotado nas pesquisas em São Paulo, Márcio França deixaria de disputar o Governo do Estado para se arriscar em faixa própria à Presidência?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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