Os trabalhos da CPI da Covid-19 devem começar na terça-feira (27). Mesmo assim, o governo se antecipou e fez uma lista com 23 acusações que podem ser feitas contra o Executivo por conta do gerenciamento da pandemia.
Alguns cientistas políticos apontam que essa antecedência é uma estratégia de comunicação do governo na tentativa de dominar o processo de discussão que veremos nos próximos meses. Uma estratégia que, para os estudiosos, é considerada amadora pela forma que foi construída.
A cientista política Priscila Lapa aponta que o fato do governo colocar em pauta temas que não estavam exclusivamente sob o olhar da CPI, como o genocídio da população indígena, por exemplo, mostra que o Executivo reconhece as suas fragilidades e deixou para tratar como uma resposta para a CPI.
"Ou realmente comprova a decisão política de não tomar as medidas que deveriam ter tomado, ou demonstra uma incompetência muito grande - o amadorismo político e técnico", aponta Lapa.
Além disso, para o cientista político e professor da Universidade da Amazônia (UNAMA), Rodolfo Marques, essa lista criada pelo governo federal dá mais munição para a oposição, o que, para ele, mostra que além de não saber gerenciar a crise da pandemia, o Executivo também não sabe gerenciar bem a crise da comunicação pública.
“Com essa CPI o governo pode sofrer muitos abalos, primeiro porque a CPI em si ela mobiliza a pauta da sociedade, principalmente no âmbito político. O governo pode ter alguns índices de popularidade afetados e o próprio presidente pode ser desacreditado com os fatos que virão à tona ou serão comprovados com a CPI”, diz Marques.
Priscila Lapa aponta que o governo federal poderia ter se antecipado às possíveis acusações de uma forma mais profissional, “como manda a boa prática da gestão pública. A partir do momento que o governo faz um documento como esse e ele vaza, vai dando munição para a oposição e para os membros da CPI. É uma tentativa de agir estrategicamente para não ser pego de surpresa, mas acabou sendo um tiro que saiu pela culatra”, explica.
Os estudiosos apontam em análise comum que o governo federal deve passar por dificuldades para se proteger dos resultados da CPI, principalmente porque o Executivo demonstra que não é o seu forte agir preventivamente e de forma planejada.
Fonte :Leia Já.
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