Em cerimônia no Palácio do Governo, Eduardo assinou decreto de desapropriação do Engenho Bonito. Foto: Eduardo Braga/SEI |
Tradicionalmente ligado ao PT, o Movimento Sem Terra (MST), criado há 30 anos, ainda não bateu o martelo sobre apoiar ou não à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Coordenador do movimento em Pernambuco e dirigente nacional, Jaime Amorim, disse que os trabalhadores do campo estão refletindo sobre a decisão a tomar em outubro, levando em conta que ainda têm prazo. Amorim falou sobre o assunto no Palácio do Campo das Princesas, após o governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) assinar um decreto de desapropriação do Engenho Bonito, no município de Condado, na Mata Norte. A localidade era objeto de luta do MST desde 1996, justamente quando Miguel Arraes era governador de Pernambuco.
O evento contou com a presença de vários integrantes do MST. Jaime Amorim chegou a levar um áudio com declarações de Arraes para exibir aos convidados, lembrando o vínculo do ex-governador com o campo, bem como a resistência dele à ditadura militar. O gesto foi marcado de simbolismo e aconteceu 50 anos depois da deposição de Arraes do governo pelos militares e um dia depois de bandeiras do movimento serem vistas em Paratibe, Paulista, onde o governador fez discurso de despedida e assinou ordens de serviço para reformar espaços públicos daquela cidade. Jaime Amorim reforçou o discurso de Eduardo Campos, de que os avanços na reforma agrária no país foram mínimos no governo Dilma Rousseff.
“Não temos nenhuma decisão ainda. Houve avanços (no governo), é impossível negar, mas a expectativa de todo o conjunto é de que poderia ter sido feito muito mais e havia compromisso para isso”, afirmou Amorim, lamentando, em seguida, o racha entre o PT e o PSB. Numa crítica velada à Dilma, que só recebeu o MST três anos após a posse, Eduardo ressaltou que a desapropriação do engenho só aconteceu depois de negociação longa entre os sem-terra e o Grupo João Santos. Em entrevista, ele ainda frisou ter as mesmas críticas dos movimentos do campo em relação à gestão petista. “A reforma agrária vinha de um jeito até 2010 e, de lá para cá, vem de outro jeito, perdendo força, orçamento, diálogo e objetivo nos assentamentos”, alfinetou.
Saiba mais
13 mil por ano é a média de famílias assentadas por desapropriações nos últimos três anos. É a menor média após os governos da ditadura militar, perdendo inclusive para a de Fernando Henrique Cardoso (FHC)
5% das famílias camponesas foram beneficiadas por dois programas do governo - o Programa Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Os números são considerados pequenos pelo MST
120 mil casas é o déficit nos assentamentos da Reforma Agrária no Brasil, segundo o MST
14 milhões de trabalhadores no campo são considerados analfabetos, segundo dados do MST
R$ 4,8 bilhões é a cifra de 2014 destinada ao Incra para investimento no campo, o que representa 0,21% do orçamento geral da União
Fonte: Diário de Pernambuco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário