domingo, 22 de dezembro de 2013

"Estou pronto e animado para ganhar 2014", diz Eduardo Campos

 (Teresa Maia/DP/D.A Press)

Estou pronto para ganhar 2014 e vou me entregar a essa missão – disputar a Presidência da República –  com a mesma paixão com que eu tenho me entregue a construir um Pernambuco melhor para nossa gente”. Com essa disposição, o governador Eduardo Campos (PSB) traçou um cenário otimista para o seu projeto nacional em que terá como principal adversária a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição. Ele disse está “animado” para ganhar 2014 e para “dar conta” da missão que receber no próximo ano.

Na sala onde costuma reunir o secretariado para monitorar as ações da gestão, no Centro de Convenções, sede provisória do governo, Eduardo concedeu a habitual entrevista de fim de ano. O socialista fez o último balanço dos sete anos do seu governo, cujos êxitos servirão de vitrine para sua campanha a presidente, a exemplo das escolas integrais, das Unidades de Pronta Atendimento (Upas/Especialidades), projeto que acredita ser fundamental para fazer fluir o atendimento nas unidades de saúde e o Pacto pela Vida, programa de combate à violência.

Na avaliação do governador, 2013 foi um ano bastante “desafiador” para o mundo e muito “intenso” para o Brasil, com o povo brasileiro voltando às ruas embalados pelo desejo de mudança. Debruçado sobre dados estatísticas e resultados, Eduardo estava tranquilo diante dos números alcançados pela gestão. “Nós vamos bater o recorde de investimentos, que é tudo que o Brasil precisa fazer, segundo economistas de todas tendências”, frisou, garantindo que Pernambuco vai alcançou a meta proposta no início do ano de chegar a mais R$ 3,5 bilhões de investimentos. Confira a entrevista concedida aos jornalistas Suetoni Souto Maior, Marisa Gibson, Rosália Rangel, Josué Nogueira, Rochelli Dantas e Tânia Passos, do Diario


 (Teresa Maia/DP/D.A Press )


Considerando que este é seu sétimo ano de gestão e o projeto nacional do PSB, se o senhor pudesse citar apenas uma área ou programa do seu governo como modelo para o Brasil, qual seria?
O que mais efetivamente me toca é ver que nosso governo é mais do que um conjunto de realizações setoriais. É uma obra de transformação política, econômica, obra que transformou o quadro social, a gestão pública de Pernambuco. E tem muita coisa que se observa pelos resultados, que as pessoas veem seus filhos estudando em escolas integrais. Temos a maior rede de escolas integrais do Brasil, segundo o Ideb. Ter a maior redução da evasão escolar, segundo o MEC em seu censo 2012. Ter redução da mortalidade, da violência, reduzir o desemprego a menos da metade do que era. Tudo isso pode ser medido por estatísticas mas tem uma coisa que você não mede que é a transformação política que isso está produzindo, transformação na economia. 

Quando o senhor começou em 2007, disse que queria, quando acabasse o governo, ser reconhecido como o governador que tinha conseguido implantar um modelo de gestão impecável. Conseguiu?
Quando eu assumi o governo, em 2007, no final de 2008 eu fiz uma conversa com vocês (jornalistas) e dizia com clareza que a gente ia ganhar tudo isso com trabalho e que a gente ia fazer política de estado e que gostaria de poder entregar os nossos compromissos. Uma coisa que os pernambucanos viram é que nossa palavra empenhada é a palavra cumprida. Os nossos compromissos assumidos no sentido de construir um novo Pernambuco, porque o Pernambuco de hoje é melhor do que o Pernambuco daquele tempo e a gente precisa garantir que ele siga melhorando. 

O senhor tem comemorado a queda nos homicídios. O governo consegue identificar, exatamente, qual o fator ou a ação que contribuiu para isso?
Consegue pelo território. Temos fomentado com universidades, através da Facepe (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco), vários estudos científicos que o nosso pessoal não tem condições de fazer. Temos uma área de estatística muito boa, mas é preciso que esses dados sejam ofertados a pessoas da ciência política, da antropologia, da sociologia para compreender a dinâmica de coisas que são muito novas também. O mercado do crack, por exemplo, é diferente do mercado de maconha, da cocaína. É necessário saber a dinâmica das gangues. Quando você tem uma boa estatística, quando consegue territorializar essa estatística você começa a interpretar melhor a dinâmica do crime. Isso ao lado do governo presente, que dá uma presença que não é de polícia, absolutamente, mas de assistência social, mediação de conflito, arte, cultura, escola, você começa a ver que tem fatores que são distintos a depender de certas realidades.

O governo comemora os investimentos na saúde, mesmo assim, todas as pesquisas de opinião mostram a área como a mais crítica junto à opinião pública no Brasil, mas também em Pernambuco.
Nós temos um déficit na saúde no Brasil ainda muito claro. Nenhum país do mundo, com economia do padrão do Brasil e com a população do tamanho da do Brasil, se propôs, de maneira tão bonita e correta, um sistema único de saúde. Os Estados Unidos da América, por exemplo, não tem um sistema aberto. Você morre de infarto na porta da rua e não pode bater nem na porta de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) porque não existe lá. Isso nos Estados Unidos da América. Então, há um problema? Há um problema. Agora, aqui nós temos cumprindo um programa que é maior do que o nosso compromisso. Nunca se investiu tanto em saúde pública nesse estado como nesses sete anos. Não dá nem para comparar.


 (Paulo Paiva/DP/D.A Press)

Na sua opinião, onde está o gargalo do atendimento na saúde?
O gargalo é na média complexidade. Você procurar em uma UPA um ginecologista, um ortopedista de coluna porque você tem um desvio. Então, temos  que centralizar os serviços de média complexidade e foi daí, exatamente, que veio a ideia da UPA-E (Especialidade). Em 2014, vamos operar nas urgências as grandes linhas de cuidado, a exemplo de câncer, cardiologia, doenças ligadas à saúde da mulher, materno-infantil. Com isso, aqui em Pernambuco, vai estar organizado e as especialidades nas UPA-Es.

Na época do anúncio do Mais Médicos, o senhor falou que, se tivessem tomado as medidas necessárias anos atrás, não precisaria de um programa como esse. O senhor ainda tem essa opinião?
O problema do Mais Médicos é que teve um tempo na década de 1980 que nós fomos diminuindo as vagas das faculdades de medicina que existiam. Como um médico para se formar você leva dez anos, a falta só se sentiria 20 anos depois. Quando você faz o mapa, vê que tem centenas de municípios sem médicos. Se você tem edital chamando pessoas daqui para ali e não tem, o que se pode fazer? 

Mas o senhor mesmo já chegou a dizer que tem médico que não gosta de trabalhar…
Fiz uma discussão para arrumar o serviço de assistência hospitalar no estado e dar transparência à quantidade de médicos e resultados e aos hospitais administrados tanto pelo estado quanto por OS (Organizações Sociais). Eles prestam com clareza quanto custa, quantas pessoas estão trabalhando, quantas cirurgias são feitas, qual o tempo de permanência de cada doente. Ou seja, a gente conseguiu chegar a um nível de resultados que todos os monitoramentos têm de unidade hospitalar por unidade hospitalar. Agora, em toda profissão tem gente que gosta de trabalhar e gente que não gosta. Cabe a gente botar esse povo para trabalhar.
 
A área de mobilidade tem recebido importantes investimentos em Pernambuco, agora existe a preocupação e uma pressão muito grande por conta da Copa do Mundo e algumas obras, no estágio em que elas se encontram, correm o risco de não ter a excelência que se deveria em projetos desse tipo. É mais importante cumprir cronograma ou fazer uma obra de excelência?
Vamos fazer obra de excelência, mas vamos cumprir o cronograma. As duas coisas. Tem coisas que são da Copa e tem coisas que não são. Na questão da mobilidade, a Copa foi uma oportunidade para a gente fazer aquilo que já deveria ter sido feito e faltava dinheiro. O Brasil passou muito tempo sem investir em transporte público de massa e houve todo o processo de incentivo ao transporte individual, inclusive, nos últimos anos. Pulamos de 1,2 milhão de veículos em 2006 para 2,4 milhões de veículos em 2012. E nós tivemos que fazer aqui em relação à mobilidade, que virou um tema nacional, sobretudo a partir de junho, prioridade desde o primeiro governo. Esse conjunto de obras vai ser entregue e, ao lado dessas entregas, vão ter coisas muito importantes que é licitar as linhas. Ter uma política que garanta transparência, controle social sobre as passagens. Tudo vai dar um resultado cultural diferente do transporte coletivo de massa.

De qualquer forma são três meses para fazer grande parte do que foi prometido no quesito mobilidade. 
Não tem nada fora do cronograma. Todas as entregas que foram compromisso da Copa das Confederações nós cumprimos. Tudo que é compromisso para a Copa será cumprido. E todas as demais serão entregues até 2014 e a BR-101 que é um prazo para entregar em 2015. Os corredores Norte-Sul/ Leste-Oeste serão entregues em 2014, no prazo pactuado. Os corredores serão em março. O importante é entregar o que foi prometido da maneira correta. É você ter uma estação com segurança, se tiver chovendo, a pessoa está abrigada porque tem o prédio no padrão como deve ser. 


 (Teresa Maia/DP/D.A Press )

As mudanças na Avenida Agamenon Magalhães estavam previstas para ter início em dezembro, mesmo não sendo para a Copa. O que aconteceu?
Para iniciar a obra, tem que ter projeto executivo aprovado. A obra efetivamente começa quando tem projeto, que se transforma em projeto executivo, aprova, e tem que começar a obra com tudo planejado. Não pode parar para projetista dizer o que vai fazer. Só entra quando está completamente seguro de todo o projeto executivo. O executivo foi terminado, o canteiro foi implantado e foi apresentado ao governo federal. A informação que eu tenho é que a liberação virá em dezembro para que possamos em 2014 entrar em campo, porque é parceria nossa com o governo federal.

O senhor citou 2014 como ano de grandes entregas como a Refinaria Abreu e Lima, a Fiat, mas já há uma grande preocupação com relação aos empregos. O pico de obras já está chegando ao fim e as indústrias ainda não estão operando. Como o governo pretende superar esse hiato?
Grandes empreendimentos estão em obra até o fim de 2014 e entram 2015. Vai ter menos obra, mas vai ter obra. A intensidade do ano de 2014 continua até 2015. O que estamos tratando é um conjunto de obras como essa que será sequenciado com um conjunto de outras obras que vão se iniciando. Você tem duas cervejarias (Itaipava e Schin) que irão empregar 950 pessoas cada e começarão a rodar agora nesse verão. Então há um trabalho de articulação que você vai trazendo novos investimentos para que as pessoas que estão habilitadas saiam para outros projetos. É a dinâmica de garantir crescimento econômico, obras públicas, obras privadas, para irem se ajustando. 

O ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, seu aliado, afirmou que o senhor anunciaria a candidatura oficialmente em fevereiro. Há pressões também para a sucessão estadual. O senhor confirma essa data? Como tem administrado a pressão interna para definir a sucessão em Pernambuco?
Na verdade a nossa programação sempre foi cuidar de 2014 em 2014. É uma decisão estrategicamente tomada por saber que só em 2014 as circunstâncias estavam colocadas.

O senhor está falando do estado?
Não, falo geral também. Nós não tínhamos dúvida que no ano de 2013 ia acontecer muita coisa, que ia jogar sobre 2014 uma circunstância bem distinta da que a gente saía de 2012. Quem poderia imaginar que o PSB chegasse a dezembro de 2013 do tamanho que o PSB chegou? Um partido unido, animado, crescendo, recebendo reforços, fazendo aliança com a Rede, com a (ex-ministra) Marina (Silva); recebendo apoio do PPS, fazendo o que o PSB hoje tem feito na cena política brasileira. Em 2014, a nossa discussão sobre o projeto nacional será prioridade. Então, a prioridade é o projeto nacional, o projeto que vai se colocar com a missão de fazer a mudança que a sociedade deseja que seja feita, aquela mudança que respeita as conquistas, que não nega o papel de quem quer que seja que vem construindo estabilidade, democracia e inclusão social, mas uma mudança que mostra que há uma exigência da sociedade brasileira de mudar o pacto político que está aí porque ele não tem condições, ao nosso ver, de produzir nada de inovador à vida pública brasileira, e pode, ao contrário, colocar em risco as conquistas que tivemos no passado. Isso não é um juízo de valor contra quem quer que seja, é uma constatação da realidade, é uma forma da gente ver essa realidade.

Qual o papel do PSB nesse contexto que o senhor descreve?
O PSB ao mesmo tempo que vai oferecer um projeto para o país, vai ter a tarefa em cada um dos estados de construir uma frente política que guarde coerência exatamente com esses valores, com esses sentimentos e uma proposta para cada estado. Em Pernambuco, com uma obrigação ainda maior de quem produziu essas mudanças para que as conquistas sejam consolidadas e a gente possa ampliar essas conquistas. Então, esse desafio é o que vamos dar conta de fazer nesse primeiro semestre de forma muito tranquila. É bom que temos opções, muitas opções para composição dentro do PSB, fora do PSB, para composição majoritária e vamos fazer isso no tempo certo. Todos estão completamente animados com o projeto nacional e todos estão preparados para fazer a solução que seja necessária ser feita e será feita com muita tranquilidade, no tempo certo.


 (Paulo Paiva/DP/D.A Press)

O senhor tem falado muito de soluções, do ponto de vista de gestão. Que experiências de Pernambuco serviriam para o Brasil, já que o senhor tem criticado tanto a gestão da presidente Dilma? 
Acho que o Brasil melhorou nos últimos anos. A gente sempre quer que a melhora seja maior e é bom que seja assim. O Brasil melhorou quando construiu democracia, quando construiu estabilidade, melhorou quando construiu um ciclo de inclusão social. Isso é uma fato e o PSB participou desses momentos. O presidente Fernando Henrique fez oito anos de governo e o PSB se alinhou a luta da Frente Brasil Popular para ver Lula começar o último ciclo de crescimento e inclusão que foi muito importante para o Brasil. Em 2010, fomos convencidos que a eleição poderia ir para o segundo turno e levar a eleição para o segundo turno colocaria em risco o projeto. E mesmo o Brasil crescendo a 7,5%, mesmo todo mundo junto, mesmo Lula com mais de 80% de aprovação, a eleição foi para o segundo turno e nós vimos se iniciar um governo que completa agora três anos.

E como o senhor vê nesse governo?
A gente viu nesse governo uma série de questões acontecerem na economia, no diálogo, na relação política. Uma série de questões. O governo tem acertos? Tem acertos. O governo tem erros? Tem erros. O fato de o governo que está aí é que cresce muito menos do que vinha crescendo antes. Cresce a metade do que crescia na era Lula. Cresce quase a metade do que crescem nossos vizinhos submetidos à mesma crise internacional que nós e estamos crescendo quase a metade do que cresce o mundo, então tem algum problema aqui. Entre esses problemas econômicos, de governança, de pacto federativo, de diálogo institucional, de narrativa na economia do plano de longo prazo, prejudicaram as expectativas sobre o futuro do Brasil. É nesse cenário que o PSB entendeu por bem deixar o governo para que o governo ficasse inteiramente à vontade e o PSB à vontade para fazer um debate sobre o Brasil, para colocar o Brasil num debate que não houve em 2010.

Pela sua exposição, quer dizer que o erro não é apenas a falta de diálogo e foi desde a colocação da candidatura dela, quando foi impedido esse debate que o senhor está propondo agora? 
Não, eu disse que houve uma decisão do PSB com o apelo do presidente Lula a quem dedicamos respeito, com quem trabalhávamos naquele instante que ele dizia que queria que o projeto continuasse e havia um risco e nós entendemos que a decisão que tomamos foi certa. A campanha como ela se desenrolou não permitiu um debate efetivo sobre o Brasil. O debate resvalou para temas religiosos, resvalou para agressões. Mas temos um país que tem uma missão muito maior do que fazer uma segunda versão do PAC, do que fazer uma segunda versão do debate entre nós e eles. O Brasil tem 20 anos de janela demográfica, só 20 anos mais o Brasil será um país jovem. Ou nós arrumamos o país nesses 20 anos ou nós vamos chorar esse século todo as oportunidades perdidas. Então, temos que olhar para a qualidade de vida do povo brasileiro que está sendo reclamada, para democracia que esta sendo reclamada, para o serviço público que está sendo colocado em cheque pela cidadania brasileira. Você imaginar que essa não é uma nova hora de fazer um debate com conteúdo, que é só discutir nomes e interesses do partido, aí eu desaprendi política.

O senhor acha que é o político indicado para impedir que o Brasil desperdice esses 20 anos em 2014. O senhor se dispõe a ser esse homem? 
Ao longo desses sete anos aqui, eu amadureci muito, aprendi demais e tenho aprendido todos os dias e vejo que estão criadas as circunstâncias políticas no Brasil para que o PSB tenha um candidato para Presidência da República. Essa decisão nós vamos tomar em 2014, mas posso lhe dizer que estou pronto e estou animado para ganhar o ano de 2014 e para  dar conta da missão que me foi entregue. Vou me entregar a essa missão com a mesma paixão que eu tenho me entregue para construir um Pernambuco melhor para nossa gente.

Fonte::Diario de PE.





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