A Telexfree tenta fazer uma manobra jurídica para sacar R$ 29 milhões em benefício de seus sócios. A estratégia envolve a remessa de dinheiro da Ympactus Comercial, razão social da Telexfree brasileira, para a Telexfree Inc., a Telexfree original, sediada nos Estados Unidos. A questão é que o dinheiro pode até mudar de empresa, mas não de beneficiários: se ocorrer o envio, o lucro vai para o brasileiro Carlos Wanzeler e o americano James Merril, sócios do porta-voz da Telexfree brasileira, Carlos Costa.
Desde 18 de junho, a Ympactus, a Telexfree brasileira, está totalmente paralisada, com R$ 659 milhões congelados em sua conta. A empresa atraiu 1 milhão de pessoa, prometendo retorno de 300% em um ano para quem investisse a partir de R$ 600, com bônus pela atração de mais gente para a rede.
Na lista das dívidas, porém, outro débito chamou atenção: os R$ 29 milhões cobrados pela Telexfree Inc., a americana dona até mesmo da marca Telexfree, que teria rompido o contrato com a brasileira em 1º de março passado. O rompimento, alega a Ympactus, se deu pelo não pagamento de comissões e do licenciamento da marca.Com o objetivo de liberar suas contas, a Ympactus disse ter R$ 292 milhões em débitos e pediu recuperação judicial. A empresa alega dever R$ 230 milhões aos investidores, mas não deixa claro se o débito inclui os pagamentos ainda por vencer – os contratos têm pagamento semanal, por 12 meses, para 1 milhão de pessoas. O pedido de recuperação foi negado na última terça-feira e a empresa prometeu recorrer ontem – informação ainda não confirmada.
O estranho é uma “dança das cadeiras” entre os sócios. A Ympactus pertence a Carlos Costa e ao americano James Merril. Por outro lado, Merril e outro brasileiro, Carlos Wanzeler, são sócios da Telexfree Inc, a americana credora dos R$ 29 milhões, registrada em Boston. E os três, Costa, Wanzeler e Merril, são donos de uma terceira empresa, a Telexfree LLC, sediada em Las Vegas. O detalhe é que as duas americanas dividem um mesmo endereço, um “escritório virtual” na cidade de Marlborough, Massachusetts, alugado à empresa Regus.
A Ympactus pediu recuperação para pagar os credores. Ao negar o pedido, o juiz da Vara de Recuperação Empresarial e Falência de Vitória, Braz Aristóteles dos Reis, questionou a conexão das empresas.
“É extreme [é motivo máximo] de dúvidas o fato de que a requerente Ympactus e Telexfree constituem o mesmo corpo de atividade econômica”, ressalta o juiz em um trecho da sentença que negou o bloqueio judicial. Em seguida, o magistrado observa: “Tanto é assim que se observa da Ata da Assembleia Geral de Transformação de ‘Ympactus Comercial Ltda’ que o americano James Merril [dono da Telexfree americana] é sócio da requerente [a brasileira, que pediu recuperação judicial].”
Fonte :JC.
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