Tapacurá, principal barragem do Grande Recife, tem hoje menos da metade da capacidade que pode armazenar de água
Enquanto o governador Eduardo Campos anunciava ontem (12) um pacote de medidas para reduzir os danos causados pela seca no Sertão do Estado, o Grande Recife também pedia socorro. A escassez de chuvas tem sido uma dor de cabeça que não se resume ao sertanejo. Desde que o racionamento de água foi anunciado, em 28 de fevereiro, o volume caiu em seis das nove barragens da Região Metropolitana, incluindo as duas principais, Pirapama e Tapacurá. Para complicar a situação, a média histórica de chuvas na capital em abril é de 338 milímetros, mas, passada quase metade do mês, só choveu 12 milímetros, um índice considerado preocupante. Diante da gravidade do quadro, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) admite que o rodízio deve piorar.
O diretor regional metropolitano da Compesa, Rômulo Aurélio, afirmou que haverá uma reunião de diretoria na segunda-feira para discutir o problema, mas adiantou que a solução mais provável é que as horas sem água sejam ampliadas. “A gente esperava que as chuvas já tivessem se iniciado e não esperava que o nível em Pirapama tivesse reduzido tanto. Estamos levando a proposta de uma redução ainda maior na vazão, o que gera um impacto no número de horas intermitentes”, disse. “Mas nossa ideia é preservar as zonas especiais, de morro. A mudança deve ocorrer nas zonas planas”, acrescentou.
O meteorologista Daniel Anastacio, da Sala de Situação da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), pondera que, se a realidade não é alentadora, as perspectivas também desanimam. A previsão é que o panorama se mantenha pelos próximos três meses. “O começo do inverno tem sido muito fraco, sobretudo se comparado à média histórica”, afirma.
A expectativa é que as chuvas cheguem num ritmo maior apenas no final do inverno, entre junho e julho. “O que a gente nunca pode descartar é que haja eventos extremos no Grande Recife e na Zona da Mata, que de um para o outro chova 100 milímetros. Isso ajudaria a recuperar o cenário das barragens”, observa Anastacio.
Pirapama, no Cabo, o reservatório que mais contribui para o fornecimento de água da RMR, estava com 19,4% de sua capacidade um dia antes de o rodízio ter início. Mesmo com o racionamento, a ausência de chuvas fez seu volume cair ainda mais: ontem, um mês e meio depois, o nível era de 15%, de acordo com o último boletim do monitoramento dos reservatórios, divulgado ontem pela Apac. A Compesa tirava 3,5 mil litros de água por segundo de Pirapama antes do revezamento. Hoje, retira 2,5 mil. O manancial pode reter mais de 60 milhões de metros cúbicos de água.
Em Tapacurá, São Lourenço da Mata, o maior reservatório do Grande Recife, com capacidade de 94 milhões de metros cúbicos, também foi registrada queda no período: de 51,5% para 47,3%. As outras barragens da RMR onde houve queda foram Goitá e Várzea do Una (São Lourenço), Botafogo (Igarassu) e Duas Unas (Jaboatão).
O secretário de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco, Almir Cirilo, atribui o cenário difícil nos mananciais à estiagem que há dois anos castiga o Estado e que fez o governo optar pelo racionamento de água, estabelecido por um período inicial de 90 dias, sujeito a reavaliação, em 74 dos 94 bairros do Recife, sob um esquema de 20 horas com água e 28 horas sem o produto. A demanda local é de 15 mil litros de água por segundo, patamar alcançado em 2010, com a inauguração do sistema de Pirapama. A oferta, antes, era de 10 mil litros por segundo – e voltou a ser durante os três meses de rodízio.
Fonte:Jornal do Commercio.
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