A Arena Pernambuco se prepara para abrir alas aos craques do futebol. Com uma grande partida já agendada, entre espanhóis e uruguaios, enfim o tapete verde estendido. Bem cuidado, cultivado com zelo, dando vida a um cenário de concreto, até então inerte. O gramado do novo palco foi plantado em apenas dois dias, num acelerado processo inspirado no estádio Camp Nou, do Barcelona. O campo vinha crescendo desde novembro do ano passado, mas a quinze quilômetros de distância, no centro de treinamento do Náutico, na Guabiraba.
Cortado em rolos, com peças de até quinze metros de comprimento, o gramado do tipo bermuda celebration foi transportado em caminhões e implantado por cerca de vinte operários. Na manhã de segunda-feira o trabalho já estava pronto, com os sistemas de irrigação e drenagem primária e secundária funcionando em carga máxima.
Uma das últimas etapas, certamente a principal em relação ao esporte propriamente dito, o campo de jogo terá seu primeiro teste em 22 de maio. Um teste sob a tutela da Fifa, diga-se, com a presença do Náutico. Nada que adie a data de entrega do empreendimento, em 14 de abril. Segundo a direção do consórcio, seria até possível disputar um jogo “hoje”. Mas para não correr qualquer risco, como ocorreu na arena do Grêmio, em Porto Alegre, aberta com um piso sob muitas críticas, o foco agora é adequar o nível do gramado ao exigido pela Fifa. Os cuidados ficarão a cargo da empresa Royal Verd, a mesma presente no estádio do Barça, não por acaso. Na lista de funções, prazos para o corte, cronograma de irrigação etc.
A quantidade de grama plantada na arena em São Lourenço da Mata foi superior ao de um campo oficial, com 8,9 mil metros quadrados, tendo 1,7 mil metros quadrados a mais. Trata-se de uma área de escape, também necessária de acordo com o caderno de encargos. “Agora a arena ganhou vida. Tudo vai girar em torno do campo, pois se tornará o protagonista da estrutura, onde o futebol acontece”, diz o diretor de contrato da Odebrecht Infraestrutura, Bruno Dourado. Para a bola rolar, o último passo será a colocação das traves e a demarcação do campo, com uma máquina de tinta especial. Sobre as barras, elas serão recolocadas, pois durante boa parte da obra elas estiveram presentes como figuras ilustrativas. Outro ponto assim era o centro do campo, com uma bandeira de Pernambuco fincada durante meses.
Estudo
A nova grama foi estudada por engenheiros agrônomos, que determinaram o melhor tipo e forma de plantio para o solo local. Ela poderá até ser recolocada dependendo do seu estado após uma temporada de eventos. Afinal de contas, como se trata de uma arena multiuso, a danificação do solo será causada não só pelos jogos como pelo impacto de show musicais – a área de jogo será transformada em espaço para o público. Tudo dentro do planejamento.
“Este processo de cultivar a grama em outro lugar, para depois transferi-la e plantá-la aqui nos dá a versatilidade necessária para atender às demandas da arena”, explicou o engenheiro responsável pela obra. “Não haveria grande problema em retirar todo o piso danificado e trocá-lo por um novo em poucos dias”, acrescentou Dourado. Portanto, a primeira geração verde da arena se faz presente, viva. Contando os dias para uma longa jornada.
GRAMADO DA ARENA PERNAMBUCO
8.900 m2, a área do estádio com o plantio do gramado
7.140 m2, o tamanho oficial do campo de jogo
131 dias, o tempo de cultivo no centro de treinamento do Náutico, na Guabiraba
59 dias, o tempo de fixação do gramado na arena até o primeiro teste oficial
Bermuda, o tipo da grama. De origem africana, mas melhorada em laboratórios dos EUA, as folhas de até dois centímetros têm boa capacidade para o pisoteio, além da regeneração rápida. Por outro lado, a sua irrigação precisa ser acima da média, assim como a adubação.
Exigência inicial da Fifa
Plantio:
Sementes no próprio campo de jogo, com pelo menos quatro meses de antecedência.
Drenagem:
Sistema à vácuo, que consiste numa manta plástica numa “caixa” trinta centímetros abaixo do campo, com tubos que descarregam os resíduos em um outro coletor, maior. Este é conectado a um sistema de bombas à vácuo, reduzindo a possibilidade de alagamento.
Acordo para a Arena
Plantio:
Através de rolos, com a plantação em outro local. A medida antecipou em pelo menos 45 dias a obra. O tempo de fixação no solo, porém, tende ser um pouco maior.
Drenagem:
A drenagem escolhida foi a gravitacional, mais tradicional nos estádios do país. O formato do sistema lembra uma “escama de peixe”. As camadas seguintes são de brita e areia.
Fonte : Diário de PE.