Prefeitos não chegaram ao um consenso, nesta quarta-feira (11), sobre a 
Resolução 410/10 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que 
transferiu para os municípios a responsabilidade pelas redes de iluminação 
pública, como postes, lâmpadas e reatores. O tema foi discutido em audiência 
pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Urbano.
De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a medida da Aneel 
irá aumentar em média 28% a despesa anual dos municípios e afetará 
principalmente o orçamento das cidades de pequeno porte. Pela resolução, as 
prefeituras terão até o final de janeiro de 2014 para se adaptarem à nova 
obrigação.
O representante da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Rodrigo de Sá Funchal 
Barros, apresentou um levantamento que, segundo ele, comprova o aumento dos 
custos dos municípios ao assumir a infraestrutura de iluminação pública. 
Conforme esses dados, sob a responsabilidade das distribuidoras, o gasto médio 
com manutenção por ponto de luz é de R$ 1,50. Quando arcado pelas prefeituras 
com serviço terceirizado, o valor sobe para R$ 10,00. Se as prefeituras 
realizarem a manutenção com equipe própria, a despesa fica em R$ 24,50.
Já o prefeito de Cambará (PR), José Salim Haggi Neto, disse que, desde 2005, 
a prefeitura é a responsável pela iluminação pública do município. Ele informou 
que a manutenção feita pelo Poder Público fica mais barata, porque só abrange os 
pontos que realmente necessitam de reparo. Por outro lado, ressaltou Haggi Neto, 
as empresas que prestam serviço terceirizado cobram mensalmente por todos os 
pontos.
Realidade complexa
Na avaliação do deputado João Arruda 
(PMDB-PR), que propôs o debate, a contradição exposta pelos dirigentes demonstra 
como a realidade de cada município é complexa. Segundo o parlamentar, a 
subcomissão especial que analisa a situação precisa pesquisar o valor da 
transferência por cidade. “A mudança [da responsabilidade] é boa para os 
municípios, desde que eles saibam atender a essa demanda com seus quadros 
próprios, investimentos em técnicos e equipamentos capazes de fazer essa 
manutenção. No entanto, não havendo o conhecimento prévio de cada prefeitura, a 
transição pode custar caro para os municípios”, opinou.
Por sua vez, o deputado Leopoldo Meyer (PSB-PR) pediu apoio para a votação do 
projeto de sua autoria (PL 2116/11) que destina recursos aos municípios para custear a 
manutenção das redes de iluminação 
pública.
Competência
Durante a audiência, Rodrigo de 
Sá, que também é vice-prefeito da cidade de Garça (SP), questionou a 
transferência de responsabilidade por meio de resolução. Para ele, a medida só 
poderia ser feita por lei. "É um despropósito transferir a responsabilidade de 
maneira impositiva, sem que os municípios pudessem se preparar. Deveria haver 
uma ampla política nacional para que essa nova atribuição se transformasse não 
em uma penalidade, mas em uma oportunidade para a indústria e o desenvolvimento 
tecnológico do Brasil", argumentou.
Já o superintendente interino de Regulação da Comercialização da Eletricidade 
da Aneel, Oberdan Alves de Freitas, defendeu a constitucionalidade da resolução. 
Ele informou ainda que, já em 2010, apenas sete estados ainda não haviam se 
responsabilizado pela iluminação pública, o que corresponde a 36% dos 
municípios.
Fonte:Agência Câmara.

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