A cinco meses das eleições municipais, o Tribunal de Contas do Estado e o
Ministério Público de Pernambuco decidiram fechar o cerco ao “julgamento
político” que as Câmaras municipais costumam fazer, aprovando contas de gestores
que apresentaram má aplicação ou desvio do dinheiro público e, por isso mesmo,
foram reprovadas pelo TCE. A partir de agora, os vereadores de 184 cidades
pernambucanas que insistirem no equívoco terão que explicar judicialmente a
motivação do julgamento e ainda correm o risco de responder por improbidade,
caso se comprove que negociaram o voto, seja por cargo, dinheiro ou outro tipo
de recompensa.
Pior: o resultado do julgamento das contas pelo Poder
Legislativo pode ser anulado pela Justiça para que se faça um outro com
critérios exclusivamente administrativos.
"O MPPE respeita a função das casas legislativas. Mas entende
que existe diferença entre a aprovação de um projeto e o julgamento das contas
de um prefeito. No primeiro caso, vale o critério político e o legislador vota
com o partido dele, o que é normal. Mas no segundo, ele funciona como julgador e
tem que fundamentar o voto. Do mesmo jeito que um juiz fundamenta sua sentença,
o vereador tem que motivar o seu voto pela aprovação ou pela rejeição. Não pode
simplesmente dizer sim à conta e não à sociedade, quando o dinheiro público foi
desviado", justificou o procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Aguinaldo
Fenelon.
A pedido do TCE, ele determinou a todos os promotores que
ajuízem ações declarando nulidade de julgamentos por parte das Câmaras de
Vereadores, que estejam sob suspeita. A ofensiva começou pelo município de
Araçoiaba, tido como o mais pobre e o de pior Índice de Desenvolvimento Humano,
entre os 14 que formam a região metropolitana. O TCE constatou um prejuízo
superior a R$ 3 milhões aos cofres públicos, durante as administrações dos
ex-prefeitos Hildemar Alves Guimarães, o Cuscuz (PSB); e Severino Alexandre
Sobrinho (PMDB), esse último atualmente afastado do exercício do cargo por
desmandos nas finanças da prefeitura. No entanto, as contas dos dois, relativas
aos anos de 2001, 2004 e 2005, foram aprovadas pela Câmara Municipal da
cidade.
Fonte:Agência O
Globo.
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