A Comissão
Especial da Reforma Política se reúne nesta quarta-feira (21) para
inicar a votação do relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS), que tem como
eixo o financiamento
público exclusivo de campanhas.
Na semana passada, os deputados
começaram a discutir o relatório e ficou acertado que não serão mais
apresentadas emendas, apenas destaques. O objetivo é garantir que eventuais
mudanças no relatório sejam feitas de maneira coerente, combinada com os outros
pontos da reforma. “Acredito que votaremos os destaques ao longo de umas duas
semanas”, disse Fontana.
Em sua última versão, o relator incluiu no texto
uma proposta de realização de referendo, em agosto de 2013, para que a população
decida se aceita o modelo de financiamento e o sistema eleitoral aprovados pelo
Congresso.
Novo sistema eleitoral
Ao longo de 2011,
foram apresentados três relatórios. Conforme a última versão, o País poderá
abolir o uso do quociente eleitoral em eleições. A regra, utilizada no Brasil há
mais de 70 anos, determina o número mínimo de votos que um partido ou coligação
precisa obter para ter direito a eleger um deputado ou vereador.
Pelo
relatório, todas as vagas para deputado e vereador passarão a ser divididas pelo
método das maiores médias, a chamada Fórmula D'Hondt. Por essa fórmula, o
partido que recebe a maior quantidade de votos garante a primeira cadeira na
Câmara e tem então sua quantidade de votos dividida por dois. A próxima cadeira
será assim distribuída à legenda que estiver com a maior quantidade de votos
naquele momento.
Se a vaga for preenchida pelo mesmo partido que ocupou a
primeira cadeira, a legenda terá novamente seu total de votos dividido, agora
por três. Se a vaga for ocupada por outro partido, ele terá seus votos divididos
por dois para a escolha dessa terceira cadeira.
Assim, sucessivamente, o cálculo é feito até a conclusão da quantidade de
vagas daquela unidade federativa na Câmara. Esse método já é utilizado no País
depois da aplicação do quociente eleitoral. Com o fim do quociente, ele passará
a ser a única fórmula utilizada para determinar quais serão os eleitos nas
eleições para deputado e vereador. “É um sistema que democratiza mais, porque os
partidos que não atingem o quociente eleitoral também podem ocupar uma vaga na
Câmara”, disse Henrique Fontana.
Listas partidárias
O relatório também prevê que o eleitor
vote apenas uma vez para deputado – em versão anterior, inspirada no exemplo
alemão, seriam duas –, podendo optar por um nome ou um partido de sua
preferência. O relator explicou que retirou de sua proposta inicial a ideia de
que o eleitor pudesse votar duas vezes para deputado, porque a proposta foi
considerada por alguns parlamentares como um favorecimento ao PT.
Por isso, ele propôs um sistema já utilizado em outros países no qual o
eleitor pode escolher entre o candidato e a legenda partidária. Assim, se um
partido tem direito a quatro deputados e recebeu 75% de votos em pessoas e 25%
na legenda, serão eleitos o primeiro colocado da lista partidária e os três mais
votados. A lista deverá ser definida por votação dentro de cada partido.
O parecer também prevê o fim das coligações partidárias nas eleições
proporcionais, o fortalecimento dos partidos políticos e o uso da internet para
que a população apoie a tramitação de propostas em tramitação no Congresso.
Críticas
O processo, no entanto, deverá ser demorado. Já
foram apresentados 23 destaques para a votação em separado de pontos específicos
do relatório e outros ainda estão sendo elaborados pelos partidos que querem
alterar o texto de Fontana.
Para o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), o
financiamento público só seria aceitável com um outro sistema eleitoral. "É
incongruente tentar associar esse sistema de financiamento público ao sistema
eleitoral de voto proporcional nominal que temos hoje e que, na minha opinião,
não fica substancialmente alterado pela proposta do nosso relator. Só há dois
sistemas que são compatíveis com o financiamento público: o voto proporcional
por lista fechada ou o voto distrital", afirmou.
Sem
pressa
Instalada no início de março do ano passado, com uma pauta de
discussão que incluía 20 itens e dividindo o foco com uma comissão semelhante
que funcionava no Senado (já encerrada sem a aprovação de um relatório), a
comissão da Câmara nunca trabalhou para dar resultado a curto prazo, conforme
gosta de repetir o presidente do colegiado, deputado Almeida Lima
(PPS-SE).
“Desde que ficou definido que as mudanças não valeriam para as
eleições de 2012, perdeu-se o sentido de pressa. Optamos por fazer um trabalho
mais amplo e profundo para vigorar a partir de 2014”, declarou o deputado de
Sergipe.
Para tentar popularizar o tema e ouvir a sociedade, a comissão
realizou conferências regionais em Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Aracaju
(SE), João Pessoa (PB), Florianópolis (SC), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR),
Salvador (BA), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Campo Grande
(MS).
Fonte:Agência Câmara.
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