terça-feira, 5 de abril de 2022

O alvo errado

Um dado curioso neste pré-cenário eleitoral chama atenção em Pernambuco: antes do jogo começar, as oposições estavam unidas e o frentão do PSB desunido. Agora, a situação se inverte: a oposição em completa desunião e o governismo se unindo cada vez mais. Isso não tem nenhuma racionalidade.

A oposição já parte de uma meia derrota ao conceber que o governismo tem um lugar assegurado no segundo turno. Mas, na verdade, o Coronel Danulo, mesmo com todo aparato da máquina e maior frente de partidos, pode não chegar ao segundo turno. Basta a oposição se comportar com inteligência, o mínimo de pragmatismo e sensatez.

Ninguém que conheça um mínimo de estratégia política pode conceber o discurso raivoso da pré-candidata tucana ao Governo do Estado, Raquel Lyra, no ato de sábado passado, dando estocadas em Marília Arraes, mesmo que tenha falado mal da sua antiga turma do PSB. Ora, esse ataque de Raquel não faz nenhum sentido.

Tanto ela quanto Anderson, Miguel e Marília, e até o PSOL-Rede, devem selar um pacto de não agressão e todos centrarem o fogo unicamente no Coronel Danulo. Se acertasse o alvo, não agindo com o fígado, Raquel contribuiria para anular o real adversário. Desgastado por bombardeios comuns dos quatro oposicionistas, Danulo teria dificuldades para decolar, ficando fora do segundo turno, o mais ideal de todos os cenários.

Dois da oposição no segundo turno? Isso é possível sim, mas o ego dos candidatos oposicionistas tem que ser controlado. Num eventual segundo turno entre dois do campo da oposição, aí, sim, o bombardeio seria lógico e mais que necessário. Enquanto isso, a oposição precisa se unir novamente e fazer um plano conjunto de campanha bem planejado.

Com um único objetivo: tornarem-se parceiros involuntários para impedir mais uma vitória do PSB, há 16 anos no poder maltratando a gente pernambucana. Em especial, há que se preparar um monitoramento dos crimes eleitorais que o governismo já vem praticando, sobretudo nas redes sociais.

Esse monitoramento, no lugar das brigas e insultos, seria essencial durante toda a campanha, sobretudo diante do absurdo abuso do poder econômico e uso da máquina pública praticados rotineiramente pelo governismo que domina Pernambuco.

Raquel, Marília, Anderson e Miguel que despertem para o óbvio ululante: o inimigo comum é o PSB. Guerrear neste momento, centrando fogo na mesma seara oposicionista, sem ter como único alvo o candidato governista, é burrice. Pode criar feridas sem que possam ser cicatrizadas mais na frente, na discussão da unidade no segundo turno.

Dá uma mãozinha – Por falar em desunião, o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, precisa também dar sua cota de colaboração. Ninguém sabe o que ele pensa, o que quer, que posição tomará nesse jogo, pois preside um partido que tem um candidato em campanha, mas não se envolve com o projeto, nem sequer dá pitaco. Há uma desconfiança geral em relação ao seu comportamento, porque na eleição passada prometeu o céu a Mendonça, acabou dando o inferno, lançando um candidato laranja na disputa pela Prefeitura do Recife.

Pesadelo vira trauma – Até as portas do União Brasil estão sendo fechadas por Bivar para candidatos interessados em disputar a eleição proporcional pela legenda. Criou problemas para Mendonça Filho e Fernando Filho, aliados de primeira hora. Outros simpatizantes com as propostas e idealismos do novo partido, fruto da fusão do PSL com o DEM, foram barrados no baile das filiações temendo ele não se eleger. Talvez o trauma de 2014, quando seu cartão foi comido por Kaio Maniçoba, não tenha sido superado ainda por ele.

Apoio ao São João – Em entrevista ao Frente a Frente de ontem, o novo presidente da Embratur, Silvio Nascimento, prometeu apoio ao São João de Caruaru. Profissional da área de marketing e radiodifusão, Nascimento, embora tenha nascido no Recife, mora há muito tempo na capital do forró. Ele substitui Carlos Brito, também pernambucano, que assumiu o Ministério do Turismo no lugar de Gilson Machado Neto, candidato a senador na chapa de Anderson Ferreira. "O que estiver ao nosso alcance faremos para o São João ser o melhor do Nordeste", disse.

Sinal para vice – O ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), sinalizou que pode ser vice na chapa da senadora Simone Tebet (MDB) na disputa pela Presidência da República. Em entrevista à Rádio Eldorado, o tucano afirmou ter “humildade” para abrir mão de aspirações pessoais e fazer composição com uma candidatura que se mostre viável contra a polarização. A parlamentar, segundo ele, “tem toda a condição de liderar esse projeto”. "Temos de ter um entendimento do nosso papel como lideranças políticas, não apenas buscando ocupar um espaço político", disse.

Boa imagem – Dom Rui, bispo de Caruaru, ficou fortemente impressionado com a resistência dialética do pré-candidato do União Brasil ao Governo de Pernambuco, Miguel Coelho, durante encontro, ontem, provocado pelo ex-candidato a prefeito da capital do Agreste, Raffiê Dellon. Agora na condição de candidato a deputado estadual, Raffiê fez Miguel cumprir uma extensa agenda na cidade, que começou num encontro com a mídia.

CURTAS

NORONHA – O governador Paulo Câmara participou, ontem, em Brasília, de uma reunião com o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, para evitar a federalização de Fernando de Noronha. Segundo o governo, foram apresentadas justificativas já acatadas pela 9ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco. O governo se refere a uma sentença publicada em 15 de fevereiro e que apontou que "a ilha oceânica de Fernando de Noronha integra o território de Pernambuco".

Protesto – Agricultores da Zona da Mata Sul protestaram, ontem, no Recife, para lembrar o assassinato de Jonatas Oliveira, de 9 anos, filho do líder rural do Engenho Roncadorzinho, em Barreiros. Eles também pediram que um leilão de terras de usinas da área seja suspenso e que os imóveis sem atividades agrícolas sejam desapropriados. O grupo se concentrou em frente à Alepe e seguiu em marcha até o Palácio do Campo das Princesas.

Perguntar não ofende: Depois do troca-troca selvagem, alguma federação partidária vai sobreviver?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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