terça-feira, 11 de maio de 2021

Os subservientes de Fernando Santos

 


Há 15 anos, na condição de pioneiro na blogosfera no Nordeste, tenho observado o panorama dos fatos mais relevantes da região, do Estado e do País, especialmente, com um olhar diferenciado dos convencionais. À propósito do escândalo do Grupo João Santos, os mais variados meios de comunicação do País noticiaram a operação da Polícia Federal sem adentrar nos detalhes que estão além do factual.

Busquei introduzir novos ângulos, sobretudo aspectos políticos e dos dramas familiares, sempre numa perspectiva de acrescentar informação e análise para nossos leitores. Agora jogo luzes sobre a questão política por trás de tudo o que aconteceu. Na verdade, o poderoso Fernando Santos, herdeiro de João Santos, já falecido, foi, durante muito tempo, o empresário de maior poder político em Pernambuco.

Como o mundo dá voltas e nada dura para sempre, no momento desesperador que o mandachuva enfrenta, quadro dantesco nunca imaginado por ele, que pensava ter o poder de Midas, de transformar em ouro tudo na velocidade que julgava mais adequado ao grupo, assiste simplesmente todos os políticos que o paparicavam sumir. Na verdade, todos desapareceram e muitos deles começaram até a falar horrores sobre ele.

Os que sobreviveram por muito à sombra de Fernando Santos, achando que Pernambuco girava em torno da sua venta, perguntam desde quinta-feira, quando estourou a operação da Polícia Federal onde estão Paulo Câmara e Geraldo Júlio, que viviam a bajulá-lo? O tratavam de “Doutor” Fernando. O blog apurou que foram eles, Geraldo e Paulo, que negociaram a compra do terreno onde hoje está instalada a Fiat, em Goiana, dando inúmeros privilégios a Fernando Santos.

Isso, aliás, outra operação suspeita, com viés de direcionamento, deveria também ser parte de nova investigação. Na época, o atual governador era secretário da fazenda e Geraldo Júlio, secretário de Desenvolvimento Econômico, ambos responsáveis por toda a negociata com o grupo João Santos que já tinha, vale a ressalva, dívidas tributárias gigantescas com o Governo de Pernambuco.

Eduardo Campos também tratava Fernando de doutor, era um semideus para ele, assim como seus pupilos “Paulinho” e “Geraldinho”, como se referia a eles. Esse escândalo só focou o nível federal, esquecendo, propositadamente, o estadual, onde se concentra o Grupo João Santos e onde Fernando Santos sempre foi tido como o grande poderoso. Onde está o Ministério Público estadual e a Polícia Civil? Por que só as autoridades federais foram acionadas? Os políticos de Fernando Santos em Pernambuco, hoje, são Paulo Câmara Lenta e Geraldo Covidão. Ambos devem pagar por todos os abusos que praticaram para proteger o grande padrinho “Doutor” Fernando.

Terreno superfaturado – Segundo o blog apurou, a compra do terreno da Fiat gerou ganhos absurdos para Fernando Santos e seu grupo. O valor do hectare antes da entrada da Fiat era em torno de R$ 8 mil e logo depois passou a ser entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, ou seja, geraram uma valorização entre 60 e 120 vezes dos milhares de hectares das terras de Fernando Santos e do seu grupo. E não ficou só nisso. Fernando e seu grupo receberam áreas de “compensação” várias vezes maior do que entregou, além do que se fala de abatimentos tributários para um dos grupos que mais devia ao Governo do Estado. Isso nunca foi investigado e agora o MP tem a obrigação de iniciar, de imediato, a parte estadual do escândalo.

Laços antigos – As raízes da amizade fraterna entre Fernando e Eduardo Campos brotaram desde o tempo em que Miguel Arraes se tornou muito amigo de João Santos, o pai de Fernando. Arraes era do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e ali que conheceu o velho João. Depois, ficaram ainda mais próximos no Governo do Marechal Cordeiro de Farias, do qual Arraes foi secretário da Fazenda. O Marechal Cordeiro depois virou diretor-executivo do grupo João Santos durante décadas, revelando-se o grande protetor do grupo durante o regime militar.

O amigo Cali – O ex-governador Carlos Wilson Campos, também já chamado por Deus, foi amigo de juventude de Fernando Santos. Comenta-se que chegaram a ser sócios numa boate. Quando Cali foi vice-governador de Arraes, aproximou ainda mais Eduardo de Fernando, que criaram uma amizade da mais profunda intimidade, sólida, apesar de existir uma superioridade de Fernando, que praticamente dava ordens a Eduardo sobre tudo o que deveria ser feito em benefício do grupo de Fernando. Na verdade, transformou-se no grande mandachuva do Governo.

Poder de fogo – Pessoas que participaram dos governos de Arraes e de Eduardo confirmaram ao blog que o herdeiro de Arraes nem sequer questionava o que Fernando queria. Simplesmente chamava Paulo e Geraldo para cumprirem as ordens do grande padrinho dos três. Sempre foi uma subserviência vergonhosa. Até as paredes do Palácio das Princesas, que têm ouvidos de tuberculoso, atestam o poder de fogo de Fernando Santos, que, por ajudar financeiramente em todas as campanhas, se sentia dono do Governo.

Joaquim e Fiuzão – Já o ex-deputado Ricardo Fiúza, primo da esposa de Arraes, dona Madalena Fiúza, tinha um carinho paternal com Eduardo. Como era um dos políticos mais ligados a Fernando Santos, também foi outro canal de aprofundamento da relação entre Eduardo e Fernando. O ex-governador Joaquim Francisco, por sua vez, trabalhou diretamente com Fernando Santos no grupo João Santos e na sua época, como membro do PSB, também funcionou como ponte adicional entre Eduardo e Fernando. Mesmo tendo relação íntima com Fernando, Eduardo gostava de delegar trabalho para os seus tarefeiros, especialmente Paulo Câmara e Geraldo Júlio, que eram os mais ávidos a satisfazer aos seus dois “senhores”.

CURTAS

TAREFEIRO – O deputado Raul Henry (MDB) fazia de tudo para ser tarefeiro de Fernando Santos. Comenta-se que, no período que ficou ligado a Eduardo Campos, fez de tudo para servir a Fernando. E depois que virou vice-governador de Paulo Câmara, ficava de prontidão para ajudar nas “tarefas” do “padrinho” do governador.

HOJE CONDENAM – Após a morte de Eduardo, Paulo Câmara como governador e Geraldo Covidão como prefeito ficaram sendo os principais políticos de relações profundas com Fernando Santos no Estado. Enfim, todos os que eram bajuladores de Fernando Santos são exatamente os que mais falam mal, hoje, do antigo padrinho. O classificam de inescrupuloso, desonesto, fraudador, criminoso, além de outras acusações de cunho puramente pessoal e íntimo.

Perguntar não ofende: Quem agora apresenta dignidade para dizer que é amigo de Fernando e assume que pediam ajuda ao todo poderoso do grupo João Santos?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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