quinta-feira, 8 de abril de 2021

Tensão entre Marília Arraes e PT ganha mais um capítulo

 

 (Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
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Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
A tensão entre o PT e a deputada federal Marília Arraes (PT) voltou a crescer nesta semana. O posicionamento da pernambucana sobre o PL 948/21, que flexibiliza regras para compras de vacinas contra a Covid-19 por empresas privadas gerou muitas críticas. Marília foi uma das duas únicas parlamentares (e a única de Pernambuco) a se abster na votação da terça-feira (6). O outro deputado da sigla na Câmara, Carlos Veras, votou contra o projeto, aprovado após obter 317 votos a favor e 120 contra. 

Ainda na noite da terça, Marília publicou vídeo nas redes sociais em que justifica a abstenção. Ela disse "não ter opinião formada sobre o tema, mas ventila a possibilidade de empresas e associações, como sindicatos, adquirirem doses". A postagem recebeu muitos comentários contrários, e a deputada apagou o vídeo na manhã desta quarta-feira (7).

Marília ainda divulgou nota oficial sobre o assunto hoje. Ela afirmou ter cometido um erro de avaliação. “A responsabilidade que carrego é muito grande. E é por isso que fiz questão de vir a público deixar claro que em nenhum momento fui contrária à valorização, autonomia e fortalecimento do SUS, um sistema que eu sempre defendi e sempre defenderei”, declarou.
 
Entretanto, a atitude de Marília não passou batida pelo diretório do PT no Recife. O presidente da sigla na capital pernambucana, Cirilo Mota, também publicou nota oficial em que repudia o posicionamento da deputada federal. O texto diz ter recebido "com indignação" o voto de Marília e diz que o ato é "favorável à bancada bolsonarista".

Esta não é a primeira vez que Marília Arraes adota uma postura diferente da orientação geral do PT. O comportamento independente da deputada federal constantemente tem criado rusgas entre ela e os outros correligionários. Por outro lado, Marília já se viu preterida pelo partido em algumas oportunidades e há rumores de que ela trocará de sigla no futuro. 

Em 2018, nas últimas eleições para governador de Pernambuco, Marília, então vereadora, era pré-candidata ao Palácio do Campo das Princesas, mas o diretório do PT no Estado decidiu retirar a candidatura dela para garantir a neutralidade do PSB na disputa para presidente. O PT optou por apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB) e Marília acabou se candidatando à uma vaga na Câmara, sendo eleita com 193.108 votos, a segunda deputada federal mais votada de Pernambuco, atrás do primo João Campos (PSB).

Dois anos depois, nas eleições para prefeito do Recife, Marília foi derrotada por João Campos após uma dura campanha. A candidatura de Marília, que enfrentou resistência em alguns setores do PT no estado, não foi bem recebida pelo PSB. A troca de farpas chegou ao ponto até de João declarar, em certo momento, que a sua gestão não teria integrantes do PT. A tensão culminou no desembarque do PT do governo de Pernambuco. 

Já em fevereiro deste ano, durante a eleição para a Mesa Diretora da Câmara, Marília foi eleita segunda-secretária da casa após concorrer de forma avulsa, já que o PT havia indicado o deputado João Daniel (PT-SE). Marília derrotou o colega no segundo turno. A candidatura dela gerou insatisfação dentro do PT. Um mês depois, a Executiva Nacional do PT abriu um processo na Comissão de Ética da sigla contra a deputada.

Fonte: Por: Henrique Souza.

Por: Thayse Lira.

Diário de PE.


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