segunda-feira, 5 de abril de 2021

Paulo Câmara rebate Bolsonaro após críticas a gestão de verbas públicas para a pandemia

 

Jair Bolsonaro e Paulo Câmera em encontro no Recife, em maio de 2019 (Foto: Peu Ricardo/DP)
Jair Bolsonaro e Paulo Câmera em encontro no Recife, em maio de 2019 (Foto: Peu Ricardo/DP)
Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicar vídeo no Twitter, neste domingo, criticando o governo de Pernambuco pela forma como tem administrado verbas públicas destinadas ao combate da pandemia do novo cornavírus, o governadior Paulo Câmara (PSB) se pronunciou e disse ser "lamentável" a atitude do gestor do Executivo federal.

O vídeo compartilhado por Jair Bolsonaro é referente a um trecho do programa Alerta Amazonas, apresentado pelo radialista e humorista Sikera Jr. Durante a exibição, o apresentador divulga valores que afirmou ser referentes às verbas repassadas pelo governo federal ao estado de Pernambuco e que, de acordo com ele, não estavam sendo utilizadas da forma correta pela gestão estadual. "Paulo Câmara, esse dinheiro não é teu, é pra salvar vidas. (...) Senhores governadores, criem vergonha na cara. Digam ao seu povo quanto vocês receberam para cuidar das vidas, e não tomar essas vidas, não matar as pessoas", disse Sikêra Jr. Ainda na publicação, o chefe do Executivo citou o versículo bíblico João 8:32 que diz "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".

Ao rebater a publicação, o governador Paulo Câmara chamou a postagem de "fake news". "Difícil acreditar que em um dia como hoje, domingo de Páscoa, sejamos obrigados a nos deparar com novas atitudes lamentáveis do Presidente da República. Em lugar de disseminar fake news, por que não assumir suas verdadeiras atribuições e fazer parte do enfrentamento à pandemia?", questionou.

Em outra publicação, Paulo Câmara, disse que “infelizmente, de alguém que trata a dor do outro como mimimi e o luto como fraqueza, não se pode esperar muito. Mas, movidos por espírito público e princípios humanitários, que alguns parecem desconhecer, vamos seguir na luta”. Em tom esperançoso, completou:"O Brasil vai superar a pandemia, apesar de negacionismo, egoísmo, fakenews, de quem se dedica a desagregar e dividir". E diante da imagem que o Brasil vem repercutindo mundialmente, o gestor estadual disse que "pela ausência de uma liderança capaz de unir, seguir a ciência e ter compromisso com o outro", o mundo "assiste estarrecido à realidade imposta ao povo brasileiro". 

Desentendimento

O atual episódio entre o presidente da República e o governador Paulo Câmara é reflexo de um impasse entre o governo federal e gestões estaduais, que vem ganhando novos capítulos nos últimos dias. Contrário ao lockdown, Bolsonaro anunciou no dia 18 de março, que havia entrado com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra decretos estaduais que estipulavam mais rigidez no isolamento social, estabelecidos pelo Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul.

O presidente também tem afirmado que medidas de isolamento adotadas pelos estados brasileiros têm impulsionado os números de mortes, o que tem causado maiores desentendimentos entre o presidente e os gestores, que afirmam que a postura do governo federal tem agravado a crise no país.
 
No final do mês passado, um grupo de 16 governadores assinaram um manifesto, divulgado no dia 29, repudiando agressões e fake news contra chefes de Executivos estaduais. Iniciativa que também havia sido tomada no início de março e uma das queixas, foi referente à informações divulgadas pelo presidente Bolsonaro sobre repasses de verbas aos estados. Em Pernambuco, o presidente afirmou que houve um repasse de R$ 42,7 bilhões e R$ 16,2 bilhões para auxílio. Em crítica a tal afirmação, o  secretário da Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, disse que "se Pernambuco tivesse recebido R$ 42 bilhões face ao Covid, não estaríamos no Brasil e, sim, nos Estados Unidos, que aprovou um pacote de ajuda de US$ 1 ,3 trilhão. Toda a Receita Corrente Líquida -RCL de Pernambuco no ano de 2020 foi R$ 27 bilhões, já com todas as ajudas do SUS, da LEi 173 e etc do Governo Federal incluídas", contestou. 
 
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