quinta-feira, 8 de abril de 2021

O orgasmo do furo

Não costumo comemorar datas de louvação a qualquer categoria, muito menos a minha, como o Dia do Jornalista, transcorrido no 7 de abril de ontem. Mas aproveito a deixa para uma reflexão sobre as profundas mudanças que a era da internet provocaram no exercício da profissão. Sou da geração do jornalismo impresso.

Comecei escrevendo em máquinas de datilografia, fiz jornal mimeografado, que tinha cheiro de álcool, vibrei com a chegada do telex e depois do fac-símile, instrumentos essenciais para retransmissão das notícias para o jornal, já que passei boa parte da minha carreira como correspondente, do interior de Pernambuco, na largada, ao Planalto Central, Brasília, minha universidade da praticidade.

Com a chegada de novas tecnologias, os meios de comunicação, especialmente o jornal impresso, sofreram redefinições na sua forma de fazer jornalismo. TVs por assinatura com canais de programas exclusivos têm afastado o telespectador da programação em TV aberta. Aplicativos de músicas com a possibilidade de criar uma seleção e jornais online afetaram a lógica produtiva do rádio e do próprio jornal impresso, este com os dias contados.

Os jornais impressos travam uma luta inglória para se reinventar no mercado atual. O papel-jornal utilizado na produção do impresso, mão de obra qualificada e distribuição tem elevado o custo da assinatura diária. Com as facilidades que o mundo da internet apresenta, a busca por informação ficou ainda mais acessível e, assim, os jornais foram induzidos a buscarem soluções para acompanhar as mídias e manter os seus leitores.

Entre as estratégias para aproximar o leitor da redação, os meios de comunicação criaram páginas nas principais redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter, além de aplicativos disponíveis para Android e iOS. Assim, através das mídias online, anunciam a notícia com as principais informações e o link direcionando o leitor para outros detalhes, reservando às páginas impressas a reportagem completa, mais contextualizada.

Do mesmo modo, foram criados sites, onde os leitores encontram notícias nacionais e regionais, além de acompanhar o fato em tempo real por meio de vídeos e imagens. O jornal impresso, nos dias atuais, limita bastante a distribuição de seu conteúdo ao espaço físico e o compartilhamento de informações se dá apenas por meio da comunicação verbal entre os leitores.

Já no meio virtual, não há barreiras para que o seu conteúdo alcance vários usuários, uma vez que o conteúdo está disponível nas páginas da web e também pode ser compartilhado nas redes sociais. Seja qual for o canal do exercício da profissão, o jornalista tem que ter a enorme capacidade de exercer o ofício com a exata noção e consciência de que jornalismo é noticiar aquilo que alguém se sinta contrariado. O resto é publicidade.

Gabriel Garcia Márquez dizia que jornalismo é uma paixão insaciável e fala que todo jornalista tem que sentir o orgasmo do furo, viver a palpitação sobrenatural da notícia. Sou daqueles que enxergam que sem jornalismo não há revolução, ou como disse Cláudio Abramo: a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter estão no bom jornalismo.

Orçamento polêmico – O Tribunal de Contas da União vai analisar representações do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e de um grupo de deputados de que haveria ilegalidades no Orçamento aprovado pelo Congresso. A análise foi aceita em caráter preliminar, que ainda não inclui o mérito da ação. “A matéria presente nos dois expedientes acostados nos presentes autos insere-se no contexto de representação referida no art. 237 do Regimento Interno do TCU, segundo o qual os congressistas têm legitimidade para representar a esta Corte de Contas”, informou o documento. “Há, nos documentos endereçados aos presentes autos, elementos de densa relevância e de caráter transversal”, prossegue o documento.

Leitos das forças – O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) entrou, ontem, com uma ação na Justiça para que leitos de hospitais das Forças Armadas sejam liberados para atender a população geral na pandemia por meio de convênio com o SUS. Essas instituições têm estruturas de saúde próprias para atender às suas tropas e demais funcionários. A vacância nesses hospitais chegaria a 85%, com leitos reservados para militares. Esses leitos não são necessariamente de UTI (unidade de terapia intensiva), os mais demandados no atual momento de recrudescimento da pandemia.

Dinheiro da Globo – Em conversa com apoiadores diante do Palácio da Alvorada, o presidente Bolsonaro citou, ontem, a ‘inimiga’ Globo em declaração controversa. “Eu resolvo o problema do vírus em poucos minutos. É só pegar o que os governos pagavam no passado para a Globo, para a ‘Folha’, ‘Estado de S. Paulo’. Esse dinheiro não é para a imprensa. Esse dinheiro era pra outras coisas”, disse. O presidente cumpriu a promessa de campanha de reduzir a publicidade estatal na emissora da família Marinho. O corte foi de 60%. Do primeiro mandato de Lula, iniciado em 2003, até o final da Presidência de Michel Temer, em 2018, a Globo faturou em média R$ 400 milhões por ano com verbas ligadas ao governo federal.

Petrolina no leilão – O aeroporto de Petrolina foi incluído, ontem, no leilão de 22 equipamentos da mesma modalidade, que atraiu interessados para todos os três blocos, garantindo ao Governo federal uma arrecadação inicial de R$ 3,302 bilhões. Segundo o Ministério da Infraestrutura, o ágio médio foi de 3.822%, o que representou uma arrecadação R$ 3,1 bilhões acima do mínimo fixado pelo edital para o valor de contribuição inicial (R$ 186,2 milhões). Além do valor à vista, as regras do leilão preveem uma outorga variável, a ser paga a partir do quinto ano de contrato até o fim da concessão.

O maior lote – Sete consórcios diferentes participaram do certame, mas a grande vencedora foi a CCR, que arrematou dois dos três blocos ofertados pelo governo. Por meio da subsidiária Companhia de Participação em Concessões, a empresa deu um lance de R$ 2,128 bilhões no lote Sul, com ágio de 1.534%. Esse bloco é composto pelos aeroportos de Curitiba (PR), Foz do Iguaçu (PR), Navegantes (SC), Londrina (PR), Joinville (SC), Bacacheri (PR), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS). O lance mínimo era de R$ 130,2 milhões. O outro lote vencido pela CCR foi o Central, que inclui os terminais de Goiânia (GO), São Luís (MA), Teresina (PI), Palmas (TO), Petrolina (PE) e Imperatriz (MA). Nesse bloco, a proposta da empresa foi de R$ 754 milhões – um ágio de 9.156% ante o lance mínimo de R$ 8,1 milhões.

CURTAS

BRONCA – O presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que é "inadmissível" a Petrobrás reajustar o preço do gás natural em 39%, como anunciado nesta semana. Se dirigindo ao general Joaquim Silva e Luna, escolhido por ele para assumir a estatal, o presidente defendeu que haja previsibilidade sobre reajustes: "Podemos mudar esta política de preços lá", afirmou.

MONTADORAS – A combinação do aumento de casos de covid-19 com a falta de componentes levou ao fechamento de metade das 60 fábricas de montadoras no País nas últimas duas semanas e 65 mil funcionários ficaram em casa, o equivalente a 60% da mão de obra do setor, sem contar o pessoal que já estava em home-office. A maioria retomou atividades na última segunda-feira, mas dez seguem fechadas, com um total de cinco mil trabalhadores em licença ou férias coletivas.

Perguntar não ofende: Quem é o prefeito de Paulista: Yves Ribeiro ou Jorge Carrero?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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