quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Uma quase unanimidade

 

Em meio a um deserto de positividade no Governo Paulo Câmara, pelo menos na política algo vem dado mais do que certo, quase uma unanimidade na base de sustentação na Assembleia Legislativa: a bem-sucedida articulação entre os poderes conduzida pelo secretário da Casa Civil, José Neto. Desde que tomou posse no cargo, sumiram os ruídos, as insatisfações entre os deputados dos mais diversos partidos.

“Ele é habilidoso, paciente e atencioso”, diz o parlamentar que até então vinha tendo dificuldades na relação com o Governo. Sobrinho do ex-governador Joaquim Francisco, José Neto é uma espécie de curinga do governador Paulo Câmara, com quem tem uma relação de amizade que vem dos bancos escolares. Ele está tão bem na foto que já tem até quem lembre do seu nome para uma disputa proporcional e até majoritária, em 22.

Com Neto na Casa Civil, os embaraços da política ganham rapidez e soluções a curto e médio prazos, porque ele é da escola macielista: fino no trato, atencioso e retorna todas as ligações. É ainda daquele tipo que vai até a velório de parentes de aliados. Outra grande virtude é ser madrugador. Chega cedo ao gabinete e só fecha a porta para o final do expediente depois de atender a todas as demandas, já tarde da noite.

Formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, funcionário público de carreira e auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE), José Neto cuida, igualmente, das demandas interioranas, atendendo prefeitos e vereadores governistas. Antes de assumir a Articulação Política, foi secretário-executivo de Pessoal e de Relações Institucionais da Secretaria de Administração no governo Eduardo Campos, de 2007 a março de 2010.

Em janeiro de 2011, foi nomeado secretário-executivo de coordenação institucional da Secretaria da Fazenda, cargo em que permaneceu até abril de 2014, quando nomeado novamente secretário de Administração. No ano seguinte, assumiu a chefia da assessoria especial do governador Paulo Câmara. Em 2017, esteve à frente da chefia de Gabinete do governador. No início de 2019 foi nomeado pela terceira vez secretário de Administração.

No mesmo ano, em agosto, recebeu a missão do governador para descascar os abacaxis da política, que até então pareciam intermináveis, e deu certo. Além de atender com capricho os deputados, Neto, vez por outra, principalmente antes da pandemia, surpreendia a base do Governo indo tomar um cafezinho com vários deputados na Assembleia, do presidente da Casa até o mais visível representante do chamado baixo clero da Casa. Por isso, virou quase uma unanimidade, tendo o aval até dos que vez por outra choramingam pelos corredores palacianos.

Revoada Bivarista – O deputado Arthur Lira (PP-AL) deu um passo relevante na consolidação de sua candidatura a presidente da Câmara. Anunciou, ontem, que elevou de 32 para 36 o número de apoios dentro da bancada do PSL, partido dirigido pelo deputado Luciano Bivar, trombado com Bolsonaro. Com isso, deve ter essa legenda formalmente no bloco que sustenta sua campanha. Os deputados Charlles Evangelista, Delegado Pablo, Nicoletti e Luiz Lima comunicaram o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), da adesão ao bloco de Lira. A eleição está marcada para o próximo dia 1.

Direitos – O PSL passa por uma situação curiosa desde 2019, quando rompeu com o presidente Jair Bolsonaro. Dos 52 deputados que elegeu em 2018, a legenda decidiu suspender 17. Esses congressistas não podem exercer várias atividades dentro da Câmara, inclusive não têm poder para opinar quando a agremiação faz ou desfaz um bloco partidário. Para entrar num bloco, metade dos deputados de uma legenda deve estar a favor. No caso do PSL, quando se considera o número de vagas conquistadas nas urnas (que é o que vale), são necessários 27 deputados. Dos 36 deputados do PSL que hoje apoiam Arthur Lira para ser o próximo presidente da Câmara, há 19 que têm plenos direitos dentro do partido.

Rejeitadas – Isso sepulta a chance de a legenda se aliar ao adversário de Lira na disputa, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado pelo atual presidente da Câmara. O presidente do PSL, Luciano Bivar, está com a candidatura de Baleia Rossi. Sem o PSL formalmente no bloco pró-Baleia, diminuiu a força do grupo porque fica reduzida a proporcionalidade para obter cargos que essa chapa deseja na Mesa Diretora da Câmara. Presidente da Câmara e aliado de Baleia Rossi, Rodrigo Maia (DEM-J) jogou pesado: as novas assinaturas de deputados do PSL colhidas por Arthur Lira (PP-AL), candidato a presidente da Câmara, para levar o partido ao seu bloco devem ser rejeitadas pela Casa.

Sem excelência – Pressionado por críticas ao enfrentamento da pandemia da covid-19 e alvo de novos pedidos de impeachment, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que não pode dizer que é um “excelente presidente”. Ele disse, contudo, estar “cumprindo uma missão” e fez referência a gestões anteriores. “Não vou dizer que eu sou um excelente presidente. Mas tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores. Já reparou? É impressionante. Estão com uma saudade de uma..., disse para apoiadores, sem concluir a frase.

CURTAS

PANELAÇOS – A fala do presidente se deu em meio a pressões sobre o Governo federal devido à atuação no combate à pandemia da covid-19. A sobrecarga do sistema de saúde em Manaus (AM) e a falta de oxigênio em hospitais afetou a imagem do governo e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que já adota tom defensivo em seus discursos. Na sexta-feira, o governo de Bolsonaro foi alvo de panelaços em todo o País.

REAÇÃO DE YVES – O prefeito de Paulista, Yves Ribeiro, ficou uma arara com o ex-prefeito Júnior Matuto, que o acusou de mentiroso diante da polêmica de que havia usado o dinheiro do Fundef para pagamento de pessoal, o que é proibido por lei. "Essa é a situação do ex-prefeito, que depositou recursos dos precatórios do Fundef em conta de uso geral. Ao invés de depositá-los em conta específica, resolveu realizar transferência para contas de caráter geral, com o objetivo descarado de burlar a lei", desabafou.

Perguntar não ofende: A quem interessa, neste momento em que o País começa a melhorar o ambiente com a vacinação, o impeachment de Bolsonaro?

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